“A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece.” -
A palavra “crise”, em sua origem etimológica, remonta ao grego (“??????,-???,?”), em adaptação ao latim krisis, e tem, entre diversos significados, o conceito de separação entre dois momentos, mundos ou situações, podendo também ser entendida como a expressão que define um quadro ou um desfecho para uma agonia e dor.
O filósofo italiano Antonio Gramsci, em frase em epígrafe, traz a mensagem, para a compreensão de um momento de crise, como sendo a ruptura entre estágios de uma realidade política.
Uma espécie vazia, com ausência de conteúdo, anunciando o que seria a passagem entre duas ordens. No interim, haveria uma espécie de “buraco negro” que, ao colapsar a velha ordem, sugaria toda a luz que envolve a matéria abduzida. No entanto, forças alternativas forneceriam as circunstâncias propícias ao desenvolvimento de um novo mundo.
Na seara política, tal anomalia pode ser entendida como o término de uma situação de equilíbrio, mesmo que instável, mas administrável pelas correlações de forças em interação.
Esse novo ambiente, ao entrar em colapso, gera um estado de indefinição, utilizando a linguagem de Zygmunt Bauman, passando do sólido para o estado líquido, e, portanto, tendendo a se transformar em uma matéria fluída. A situação de indefinição entre os dois estágios é o locus pelo qual a crise se reverbera e atinge seu ápice.
Segundo essa lógica, do acirramento entre essas contradições, surge um estado de síntese, que anuncia uma nova correlação de forças, capaz de renovar a realidade em decomposição.
Talvez a avaliação em questão seja propícia ao uso nos dias de hoje e também sirva à inspiração aos analistas, anunciando que, mesmo que longo o intervalo temporal, de alguma maneira - forma - o amanhã poderá ser melhor!
• Economista