ASSINE
search button

Estacionamento, um assunto delicado

Compartilhar

No início da semana que passou, a grande mídia publicava, com o título “A galinha dos ovos de ouro das franquias”, reportagem enfocando as empresas que exploram os estacionamentos “off street”, ou seja, os que não são ao longo do meio fio. A “bíblia do trânsito”, o livro: Traffic Engineering Handbook, publicação do Instituto dos engenheiros de tráfego dos Estados Unidos, esgota o assunto no seu capítulo XII, “Parking”. E lá, pode-se ler que, quanto maiores as cidades, maiores as restrições ao estacionamento, nas vias de circulação, com o propósito de facilitar o crescente aumento do tráfego circulante.

Antes de prosseguir, é necessário, se me permitem, que eu preste uma homenagem de saudade ao meu primeiro Imediato, quando eu dava os meus primeiros passos, em 1951, como Segundo Tenente, o então Capitão de Corveta Floriano Faria Lima, a quem devo a posse deste livro indispensável para quem pretenda administrar o trânsito. O importante e, para mim, gratificante, é que o recebi, em 1967, quando eu mal assumira o DETRAN GB e, ele, então Vice Almirante, exercia a função de Adido Naval em Washington, com a seguinte carinhosa dedicatória: “Ao prezado Celso, uma pequena contribuição de um carioca que acredita no seu sucesso”, Washington, 8/8/1967. 

Bendito vaticínio para quem, menos de uma década depois, era ungido com a nomeação de governador do novo Estado do Rio, fruto de fusão com a Guanabara.

Mas, voltando ao assunto do título, é da maior importância que o poder público exerça um controle e oriente a localização dos estacionamentos, fora das vias, em garagens, em boa hora, tercerizados, em face de que o estacionamento constitui o destino de cada veículo, facilmente verificados, nos estudos de “Origem e destino”, também fundamentais, para a ordenação da circulação urbana.

Em 1967, pela primeira vez nesta cidade, realizou-se um estudo, com o seu mapa fruto das pesquisas, da localização dos estacionamentos, fora das ruas, cuja implantação “engatinhava”.Fazia parte de um levantamento, da área central da cidade, do “uso da terra” responsável pelo tráfego no local.

Meu saudoso amigo, o genial arquiteto Sérgio Bernardes, não se cansava de dizer que: “O carro era a extensão das pernas e, uma vez chegado ao seu destino, o motorista desejava se livrar desta extensão, se possível, estacionando legalmente”.

Duvido que a CET Rio tenha o mapa da localização dos locais de estacionamento, com suas capacidades de receber veículos. Tal desconhecimento é, quem sabe, o responsável para que, até hoje, não exista, não só no Rio, mas em todo o Brasil, a indicação por painéis eletrônicos, da localização destas garagens e a sua disponibilidade de vagas, como de há muito, existe na Europa. Esta providência é fator importante na orientação do destino do tráfego de carros de passeio.

Este destino pode e deve, ser monitorado em benefício da fluidez do todo, na medida em que elimina o tráfego supérfluo e lento da procura de vagas. 

De minha parte, residente na Barra, só utilizo o transporte do carro até a primeira garage, próxima da primeira estação de metrô.

Felizmente, a exploração do estacionamento organizado, em garagens, é atrativo para os empresários, o que, de certa forma, nos garante um serviço eficiente.

Lamento, e agora focalizo os estacionamentos em garagens de grande capacidade, que ainda não tenha chegado aqui, no Brasil, a orientação dos setores, não por letras e números, mas por animais, como existem para as portas dos “ferry boats”, que ligam a Inglaterra ao Continente, muito mais fácil de gravar do que letras e números. Por exemplo, é melhor para gravar, que você estacionou no setor Leão, do que no setor L., e assim por diante.

Infelizmente, o nosso motorista não admite pagar caro para estacionar e, tal hábito propicia  existência do “flanelinha”.O custo do estacionamento faz parte do conforto de ir de carro até o destino final. Experimentem a conexão com o metrô. Funciona e bem.

Outro assunto também enfocado na mesma mídia é a chegada ao Rio, da eliminação do espaço de estacionamento, ao longo do meio fio, em frente aos restaurantes, para utilização de áreas de laser. Embora aumente a renda da prefeitura, restringe a área de circulação dos veículos, principalmente aos que propiciam as operações de carga e descarga. Como se diz na Espanha : A ver o que ocurre!

Espero ter alertado, aos amigos de CET Rio, da importância do estacionamento, para a mobilidade urbana, assunto tão mal equacionado, infelizmente.