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Trânsito - o carro adiante dos bois

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No meu último artigo, dava ênfase ao fato da variedade de temas para abordar e justificava a escolha do tema do trânsito caótico da Barra, em detrimento dos demais assuntos de fatos ocorridos durante aquela semana. Fizeram-me, no entanto, abordar o abandono do problema do estacionamento rotativo nas vias da zona sul, as explicações da CET Rio de que o problema seria solucionado com a implantação de parquímetros.

Não me consta, salvo engano, que tenha havido um meticuloso estudo sobre o assunto levado a cabo pelo órgão responsável pela operação do nosso trânsito. Que eu saiba, o último estudo sério realizado para equacionar este problema, fundamental para circulação dos automóveis, foi realizado em 1968, pela COESES (Comissão de Estudos do Estacionamento), um grupo de trabalho presidido pelo urbanista e professor Fontes Ferreira, composto por especialistas de diversos setores interessados no assunto. Como roteiro básico, o que recomendava o livro “Parking of Motor vehicles”, de autoria do especialista inglês John Brierley. Deste grupo saíram as indicações para os diversos estacionamentos “off street”, tendo como destaque maior o Terminal Garage Meneses Côrtes e a sugestão de estacionamentos nos subsolos de todas as praças da Zona Sul. Como ênfase a esta decisão disse à imprensa de que, se Castro Alves declarou que: “Como  o céu é do condor, a praça é do povo, o seu subsolo é do automóvel estacionado”. 

Nasceu também, deste competente grupo, a criação do estacionamento rotativo controlado pelo disco de estacionamento, a exemplo do que Paris adotara para o seu centro comercial. De belíssima feitura, concebida pelo arquiteto e urbanista Ferdinand Lavinas, ao ser apresentado por mim ao governador Negrão de Lima, acompanhado de toda a comissão que terminara o trabalho, ouvi do governador a observação: “Parabéns por este trabalho civilizado”. Tinha a introdução do uso do disco, o propósito de  ensinar ao carioca a saber se auto disciplinar para, posteriormente, implantarmos o  parquímetro, que eu conhecera em detalhes na fábrica Kinzle, na Alemanha, quando naquele país estagiara. Infelizmente, o pequeno valor da moeda que obrigava a compra de fichas para o uso do telefone público foi um fator complicador intransponível até que, copiando de Israel, criamos o atual talão de controle que, se bem administrado, supera as dificuldades de manutenção do parquímetro.

Causa-me espécie e preocupação o fato de que agora anunciam a implantação de controle do estacionamento por parquímetros, numa área, a zona sul, principalmente Copacabana, onde coexistem cinco tipos de regime de estacionamento, a fim atender de maneira inteligente as suas necessidades, a saber: os frequentadores da praia, os clientes dos consultórios médicos e outros escritórios, os usuários do comércio, os frequentadores da vida noturna, incluindo os restaurantes e, os residentes cujos edifícios, antigos, não possuem garage. 

O livro do mestre Brierley prevê e explica, a solução para cada caso aqui mencionado.

Desnecessário será dizer que o nosso planejamento, onde se incluiu a Fundação dos Terminais Rodoviários, abrangeu o centro comercial do Rio, o seu CBD (Central Business District) e o regime de Carga e Descarga, para o comércio.

Não se pode estabelecer um controle que exige uma regulagem constante sem se ter discutido com a comunidade as diversas soluções para o problema básico, do destino das viagens de automóvel, pesquisa fundamental para o estudo de origem e destino, das linhas de desejo dos fluxos de tráfego. Já bastam as construções das estações de metrô sem a previsão de estacionamento para as que são princípios de linha.

Não encarem, por favor, os meus colegas da CET Rio, estas observações como crítica mas apenas, ou “apenasmente”, como diria o grande Prefeito Odorico Paraguassú, imortal criação de Dias Gomes, uma cooperação, embora não solicitada, de um colega, bem mais velho e, por isso, decano no ramo.