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As lições da Copa e a Olimpíada

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A Copa que terminou no último dia 13 foi um grande estudo de caso, para que possamos nos aprimorar cada vez mais, nossa atuação, na área de eventos. Embora os turistas tenham sido contagiados por nossa alegria, o que foi muito positivo, os preços surreais praticados no Rio de Janeiro criaram um novo perfil de consumidor: vem dos países sul-americanos de carro e se hospeda em locais públicos, inclusive, eventualmente, se alimentando no restaurante popular da Central do Brasil. Infelizmente, não estávamos preparados para tal fluxo, que acabou se dividindo em várias áreas da cidade, com uma concentração grande em Copacabana, trazendo problemas para a população anfitriã, pelo barulho que faziam e com a falta de banheiros públicos — urinavam e defecavam nas ruas. Assim, nosso grande desafio nos próximos anos é criar estrutura de campings e sobretudo fomentar a hospedagem domiciliar, filão hoje existente no mundo inteiro e que apresenta uma nova possibilidade para os consumidores. É óbvio que existe uma outra parcela de sul-americanos, de melhor poder aquisitivo, que representou 25% da ocupação hoteleira carioca.

Verificamos também que o espanhol não pode ser esquecido nos programas de capacitação. Precisamos nos espelhar no Balneário de Camboriu, por exemplo,  que tem sinalização bilíngue em espanhol, cardápios nos restaurantes e um domínio bom do idioma. Damos muita ênfase ao inglês, mas esquecemos que os nossos maiores emissores estão na América do Sul e que a população hispano-falante dos EUA é cada vez mais importante. E interessante também como  a Argentina tem qualificado muito bem seus recursos humanos em português, levando em consideração a importância que outorgam ao turista brasileiro, que tem um gasto per capita altíssimo. Os transportes públicos, como o metrô carioca, já têm avisos em inglês, mas falta incluir doravante o espanhol.

Não vamos, por outro lado, nos basear apenas nos  resultados das diversas pesquisas desenvolvidas, que mostram um contentamento grande com o produto.Os turistas que vêm para a Copa são geralmente festeiros e encontraram uma população anfitriã que adora badalar e que soube recebê-los. Temos que aproveitar o momento para fazer uma grande campanha institucional, calcada em depoimentos positivos, e pensar sempre na importância do Rio, no cenário de nosso turismo. Foram felizes — e emanam de um secretário técnico, que é o caso do atual titular do estado do Rio — as declarações de que nos próximos eventos internacionais o Rio vai se promover de forma individual, o que já fez muito bem à Bahia, por exemplo.

Bons ventos sopram no Brasil e no Rio, que merecem no entanto mais estudos e menos discursos inflamados, se aproveitando do turismo, em períodos eleitorais e não dinamizando o turismo, como instrumento de melhoria da qualidade de vida dos que aqui residem. Vamos unir esforços e lutar por um turismo sustentável e que permita sair para sempre dos vergonhosos 6 milhões de turistas que recebemos...

 

*Bayard Do Coutto Boiteux, pesquisador e escritor, é professor do bacharelado e MBA em Turismo da Ucam, além de presidir o site Consultoria em Turismo e gerenciar o Turismo do Preservale. (www.bayardboiteux.com.br)