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Carta aberta ao Eike Batista 

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Prezado senhor Eike Batista, subscrevo-me por meio destas palavras para dizer-lhe do orgulho desta nação por sua força de trabalho, que impulsiona o país a gerar empregabilidade por intermédio da abertura de portos, setor hoteleiro, extração de recursos naturais etc. Destarte, registro que cabe enaltecerno intróito desta missiva o convívio social com um raro talento multiplicador de investimentos a acenar com legítimas perspectivas de crescimento industrial, mercantil e tecnológico. 

Todavia, eis que surge um incômodo paradoxo que, na contramão de sua arrojada proposição empreendedora, desafia o Brasil a se desvencilhar do retrógrado patamar de inépcia e omissão que,por inúmeras décadas,caracterizou o ensino público de nível superior. O fato é que, ao passo que reivindica com voracidade mão-de-obra específica e qualificada,a emergente nação não consegue acompanhar o ritmo do desenvolvimento econômico, por absoluta ausência de uma eficiente e satisfatória política educacional.Em consequência do descaso das autoridades federais e estaduais com a universidade pública, o país se obriga a importar inteligência dos Estados Unidos, Europa e parte da Ásia, desprezando a capacidade de obtenção de conhecimento dos milhares de estudantes brasileiros.

Creio que não seja preciso mencionar que estes jovens aptos a ingressar no ensino superior estão relegados a um patamar de marginalidade com carteira assinada que, por falta de especialização acadêmica, na melhor das hipóteses os condenará, perpetuamente, à categoria de subempregados desprovidos de uma formação profissional condizente com a potencial matéria-prima de origem humana. O mais curioso é que, enquanto as nações desenvolvidas discutem a necessária imigração de latino-americanos, asiáticos e africanos para ocuparem determinadas vagas de um serviçoconsiderado desqualificado,na atual conjuntura o Brasil se vê obrigado a autorizar o embarque de engenheiros e técnicos diplomados para impulsionar o pífio Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) de Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. 

Diante deste catastrófico cenário de precariedade científica, é preciso que, em parceria com o Ministério da Educação e das Minas e Energia, com a máxima urgência, o senhor tome a iniciativa da construção de uma universidade exclusivamente voltada para o petróleo e outras riquezas naturais, de modo que a juventude pátria portadora detítulo de doutor seja inserida com dignidade pela porta da frente neste próspero mercado a esbanjar oportunidades de progresso e capitalização. A Universidade do Petróleo, quiçá coubesse até uma homenagem a Monteiro Lobato, se instauraria ao redor periféricodos municípios metropolitanosda cidade do Rio de Janeiro, que, por puro descaso governamental, se prestaram a gerar bolsões de miseráveis que, de acordocom dados estatísticos, até então apenascontribuem com desemprego e criminalidade. 

Os investimentos seriam canalizados a habilitar os candidatos desde os primeiros anos da vida escolar em Colégios de Aplicação, que lhes garantiriam a instrumentalização intelectual necessária ao ingresso aos bancos acadêmicos da UNIPETRO. Em convênios com a Petrobras, Furnas, CNPq, CAPES, FAPERJ e outras instituições públicas e privadas, poder-se-ia armazenar o financiamento de bolsas de iniciação científica, que viabilizassem a conservação do estudante no exercício de sua capacitação profissional até a formatura. O corpo docente, composto por professorescertificados a ministrar aulas em tempo integral, poderia receber o reforço de cientistas estrangeiros convidados, de modo a instigar o diálogo por outra espécie de vínculo empregatício, cujo compromisso com o Oriente Médio, Rússia ou Alasca vislumbraria um retorno de caráter acadêmico e empírico na área de petróleo e afins.  

Enfim, meu nobre doutor Eike Batista, uma nação emergente, muito além de possuir o homem mais rico da face da Terra,reivindica de um cidadão patriota uma plataforma revolucionária calcada na Educação desta promissora e alvissareira juventude, apta a comprovar que, mesmo sem vara de condão, lâmpada de Aladim ou toque de Midas, poderá demonstrar que,com uma formação digna de seu autêntico talento e criatividade, alcançaráum lugar ao sol com a bênçãode São Sebastião e do Redentor nesta data que, decerto, simbolizaria a ressurreição de um povo ordeiro e pré-alfabetizado,às margens do progresso e da educação.