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UHE Santo Antônio — Energia com sustentabilidade (II)

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Tendo em vista a extensão dos assuntos referentes à UHE Santo Antônio, no texto anterior tratei dos dados gerais da hidrelétrica, notadamente a excelente organização das equipes de integrantes que executam a obra e aqueles ligados à geração, cuja primeira turbina está prevista para entrar em operação na segunda quinzena de dezembro de 2011, antecipando assim em um ano a geração da hidrelétrica.

Nesse texto, serão tratados os temas relacionados à sustentabilidade, palavra que abrange um leque de ações que vai desde a saúde; educação; segurança; qualificação profissional; reassentamento de populações; resgate da fauna e da flora nas áreas que serão atingidas pelo futuro reservatório da hidrelétrica; e incremento do turismo, como exemplo, a reconstrução de 7,5 quilômetros da antiga Ferrovia Madeira-Mamoré entre a capital Porto Velho e a UHE Santo Antônio (incluindo a reforma das locomotivas, vagões e estações) em parceria com o Iphan.

Antes de entrar no assunto da sustentabilidade, gostaria de parabenizar a Santo Antônio Energia S.A. pelo lançamento, no dia 19 de setembro, do livro UHE Santo Antônio: Guia das espécies de fauna resgatadas©, com fotos de algumas espécies da região acompanhadas de um bem elaborado texto.

Fruto do eficiente (e perigoso) trabalho de centenas de profissionais especializados, segundo o livro, “durante os três primeiros anos de realização do programa, ocorridos entre agosto de 2008 e abril de 2011, mais de 24 mil animais foram resgatados dos locais de supressão”.

Como prova inconteste da seriedade das ações da Santo Antônio Energia S.A., levadas a cabo desde o início do empreendimento, de um total de 1.721 processos de remanejamento e indenização na área fundiária, não existe nenhum acordo pendente; praticamente todos estão fechados e em curso de finalização.

Assim, basicamente, chegou-se a três grupos entre os remanejados e indenizados: 1º) Os que optaram por receber indenizações em dinheiro; 2º) Os que optaram por morar nos assentamentos rurais (total de sete, com área de 5.183 hectares, alguns já produzindo); e 3º) Os que optaram por morar em assentamentos urbanos, como por exemplo, o de Jacy-Paraná.

Tive a oportunidade de visitar alguns assentamentos – rurais e urbanos – e fiquei maravilhado com a qualidade das construções e toda a infraestrutura implantada, além da assessoria técnica, social e ambiental garantida pela Santo Antônio Energia, não só para produtores para práticas rurais sustentáveis como também para empreendedores em vários setores.

Para que se tenha ideia da importância e abrangência dos projetos de Sustentabilidade e Compensação, foram gastos até o momento R$ 1,3 bilhão (quase 10% do custo total da UHE previsto em R$ 15,1 bilhões), assim distribuídos: a) R$ 61 milhões (4,5%), Compensação ambiental direta; b) R$ 200 milhões (15%), Compensações sociais diretas; c) R$ 507 milhões (38%), Programas ambientais; e d) R$ 570 milhões (42,5%), Remanejamento das populações rurais e urbanas.

Tendo em vista a escassez na região de mão de obra especializada para um empreendimento de tal magnitude, foi implantada a qualificação profissional continuada através do Programa Acreditar, criado e implantado pela Odebrecht, empresa líder na construção da Santo Antônio. Em parceria com o Senai, já foram capacitadas profissionalmente mais de 35 mil pessoas, entre elas 5 mil mulheres.

Pude constatar a grandeza e amplitude desse Programa. Nos setores onde estive, conversei com funcionários que haviam passado pelos cursos do Acreditar, e todos foram unânimes em afirmar que as suas vidas mudaram para melhor, pois agora têm uma profissão e se sentem aptos a trabalhar em qualquer grande empreendimento.

Para mim, o mais tocante e emocionante foi a declaração espontânea de uma Integrante (entre outras tantas), que trabalha na montagem da parte elétrica das turbinas. Quando lhe enfatizei a importância do seu trabalho, ela me disse textualmente: “Esse é o meu primeiro emprego, e o começo de tudo foi o Programa Acreditar”.

Quando o empresário Norberto Odebrecht criou a Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO®), afirmou: “O desenvolvimento, por definição, tem de ser sustentável, ou ele não pode ser chamado de desenvolvimento”. Sabiamente, ele se inspirou no padre Antônio Vieira: “Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras”.

Humberto Viana Guimarães, engenheiro civil e consultor, é formado pela Fundação Mineira de Educação e Cultura, com especialização em materiais explosivos, estruturas de concreto, geração de energia e saneamento