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Editorial - O início do fim

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        As democracias não acabam pelos desmandos do Poder Executivo, e sim quando o Legislativo se desmoraliza ou é desmoralizado.

        O habeas corpus eterno de uma democracia é a independência moral do Poder Legislativo. Quando os meios de comunicação —  “Olho da democracia”, como dizia Ruy Barbosa — apontam os desmandos de todos os poderes, principalmente do Poder Legislativo, a democracia começa a morrer.

        Anões do Orçamento, Severinos,  nepotismo, salários de marajás, viagens — não de trabalho, mas de turismo — pagas com o dinheiro público. No Orçamento, dotações carimbadas para um objetivo tomam destino dos próprios parlamentares. É o início da falta de respeito com o povo.

        De cinco ministros demitidos por suposto envolvimento em atos ilícitos, só um não era parlamentar, e o único que se demitiu sem envolvimento em atos de corrupção, por “coincidência”, ministro civil das áreas militares.

        O fim do governo João Goulart começou quando os nomes que ele indicava, para virem a ser seu primeiro-ministro, eram desmoralizados pela impressa e derrotados no Congresso. Por coincidência ou não, o agente fiscal do Imposto de Renda Ranieri Mazzili, quando indicado para presidir a Câmara dos Deputados, no primeiro momento de abertura do Legislativo, por ter o nome envolvido em corrupção, foi impedido de ser, com aplausos do povo.

        Há quatro anos, o JB realizou o seminário Resgatando a Dignidade, em que homens como Itamar Franco, ministro Luiz Fux, senador Pedro Simon, João Pedro Stédile, Dalmo Dallari, Celso Antonio Bandeira de Melo e outros, também de reputação ilibada, se reuniram para discutir o futuro de um país que, com 80 milhões de menores de 24 anos, como reagiriam no futuro assistindo, naquele momento, aos desmandos de homens públicos no Parlamento brasileiro. E hoje, com tudo o que vivemos, o que devemos achar? Será o início ou o fim...