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Qualificação profissional

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        Outro dia, numa aula de História da Educação, o aluno fez ironia com seu professor: “Mestre, é verdade que hoje quem não se qualifica se trumbica?” O riso foi geral. A lembrança do famoso pensamento de Chacrinha pareceu oportuna, quando se discutia em classe a importância da profissionalização, que passou a ser uma das prioridades da educação nacional. 

        Ao falar na Confederação Nacional do Comércio, o estudioso Gilberto Paim analisou Os desafios do comércio com a China”. Concluiu que estamos num processo de defasagem, pois os chineses avançam de forma constante, lastreados em ações internacionais ousadas e, principalmente, num quadro de recursos humanos dinâmico e atualizado. Não é à toa que milhares de chineses, anualmente, deixam o país para se formar em nações desenvolvidas, recolhendo o que de melhor existe em conhecimento científico, tecnológico e inovação. 

        É certo que o Brasil acordou para essa realidade, com as medidas que estão sendo tomadas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, para facilitar o aperfeiçoamento de 75 mil jovens brasileiros em centros mais avançados. É o programa Ciência sem Fronteiras. Isso já deveria ter sido feito há muito mais tempo.

        O crescimento do nosso mercado de trabalho é progressivo. Em 2010, por exemplo, foram criados 2,5 milhões de empregos formais, o que representa uma elevação de 7,7% em relação ao ano anterior. Mesmo que em 2011 haja uma pequena redução, é preciso realizar um grande esforço, nos vários setores da economia, para garantir a sustentabilidade do nosso desenvolvimento. Estamos vivendo a hora e a vez da qualificação profissional, o que levou a presidente Dilma Rousseff a criar o Pronatec, de perspectivas bastante animadoras. 

        Vamos analisar o caso da construção civil, setor que registra um boom admirável, especialmente nos grandes centros urbanos do país. O problema não é o baixo salário, mas sim a falta de mão de obra qualificada, para que a velocidade da expansão não sofra solução de continuidade. No ano passado, foram criadas mais de 1,6 milhão vagas, e o problema foi sentido. 

        Começa a existir uma grande mobilização para sanar essa deficiência. Além do MEC (ouvimos pessoalmente essa preocupação do ministro Fernando Haddad), entidades privadas e escolas profissionais fazem parte desse mutirão, aqui se inserindo o Senai e o Sesi (setor secundário), o Senac e o Sesc (setor terciário) e uma agradável surpresa, de grande relevo, que é a participação do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), entidade filantrópica, que já treinou mais de 11 milhões de jovens brasileiros, nos seus 47 anos de providencial existência.

Arnaldo Niskier é membro da Academia Brasileira de Lertras e presidente do CIEE/Rio