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Tablet: nova e poderosa ferrmanta para o ensino

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        Essa nova ferramenta vai revolucionar o modo de ensinar! O tablet, cujo nome inglês é adaptação do francês tablete - mesinha, placa, tabuinha, caderno de anotações e lembranças - é a versão eletrônica da lousa.

        Lousa é palavra que veio do latim lausiae, pedra rasa assentada sobre a sepultura, redução de  lausiae lapides, pedra de ardósia, de tamanhos variados, com moldura de madeira, posta sobre a carteira escolar, fixada na parede ou sobre um cavalete, destinada a nela se escrever com giz.

        Desde a antiga Roma, o aluno levava a lousa para a schola, intervalo para aprender, depois que o ensino deixou a aula, o palácio, e foi levado a todos, livres ou escravos. Aula passou a designar depois a hora gasta no intervalo para aprender alguma coisa.

        Com o tempo, ficou apenas a lousa grande, que mudou de nome para quadro-negro, e em cuja superfície o aluno às vezes era instado a manifestar a todos os colegas e ao professor sua ignorância ou saber! No tablet, a ignorância ou a sabedoria tornaram-se privativas de cada um, que vai partilhar, com liberdade, apenas o que quiser!

        Caderno, do latim quaternus, assim chamado porque originalmente era uma folha dobrada em quatro partes, para substituir o papiro e a lousa, vai receber poderosa ajuda do tablet, que será também caderno eletrônico.

        E livro, do latim liber, do mesmo étimo de libertas, liberdade, que nos torna livres da ignorância, vai continuar nas bibliotecas, mas os capítulos que o aluno precisa ler ou consultar estarão destacados no tablet.

        Sempre houve a difusão do conhecimento, do latim diffusione, declinação de diffusio, do mesmo étimo de fundere, espalhar, e de funda, funda, laçada de couro ou de borracha para atirar pedras.  Mas era restrita à escola, à família, a parentes e vizinhos. O surgimento do jornal deu poderosa ajuda a professores, que, por meio de recortes, levaram para a sala de aula matérias mais atualizadas das que estavam nos livros. Na mídia, depois do jornal, do rádio e da televisão, a difusão ganhou dimensões de multimídia.

        Agora professores e alunos podem ler mais, não apenas em quantidade, mas também em qualidade, uma vez que no tablet estarão textos editados por docentes que entendem da matéria e não vão depender, como dependiam antes, de autores que escreviam livros referenciais, mas estavam longe da sala de aula, ainda o lugar para, face a face ou à distância, aprender com o professor.

        Ao investir contra os franquistas que invadiram a Universidade de Salamanca para prendê-lo, o reitor Miguel de Unamuno definiu no calor da hora o lugar em que fazia seu trabalho e quem era ele: “Este é o templo da inteligência! E eu sou o seu sumo sacerdote! Vós estais a profanar o meu recinto sagrado. Vencerão, mas não convencerão, porque convencer significa persuadir”.

        Docentes, sumos sacerdotes no templo que é a sala de aula, acabam de receber um novo e revolucionário paramento: o tablet. Depois dele, o ensino nunca mais será o mesmo. Será melhor!

Deonísio da Silva, escritor e doutor em letras pela USP, é vice-reitor de Cultura e Extensão da Universidade Estácio de Sá. Seus livros sãopublicados no Brasil pela Editora Leya e Novo Século