O ministro Alfredo Nascimento, dos Transportes, está enrolado numa encrenca que só não ameaça a sua demissãoimediata pela surpreendente tolerância da presidente Dilma Rousseff. Mas, está pela bola 7, e a sua sobrevivência, pendurada nogalho podre de não explodirem outras denúncias e dos seus depoimentos no Congresso, provavelmente na próxima semana.
É evidente que o ministro dos Transportes perdeu o caminho de casa desde que não conseguiu evitar a sua convocação. E é deum ministro tonto a tentativa de escapar por baixo do pano, mesmo com a ajuda dos aliados que não querem jogá-lo às feras, masbotam as barbas de molho e não assumem a sua defesa. Estão começando a entender por que o PR expulsou o ex-líder Sandro Mabel (GO) quando ele se lançou candidato a presidir a Câmara.
O ministro Alfredo Nascimento justifica-se com pífia desculpa: “Não tenho nada com isso. O problema é o modelo que obriga a gente a engolir indicações”. Francamente, ministro, reze para que a presidente Dilma não leia a sua desculpa: pode dar demissãosumária e que dispensa explicação.
Certamente, o ministro conhece a veneranda anedota, que não tem graça nenhuma, mas passa um recado de sabedoria: a moçamodesta foi se confessar com o padre da igreja que frequentava. Enrolando as mãos suadas, balbuciou num sussurro que o únicopecado que a atormentava era a vaidade. O confessor perguntou qual era a razão da sua vaidade. Não era bonita, aparência depobre sem ter onde enterrar o caixão. A pecadora não se convenceu. A vaidade era o seu pecado e o seu tormento. E a moçainsistiu: a vaidade que a perseguia e não conseguia afastar.
O padre foi sábio no conselho: você não é bonita, vê-se que é pobre, vaidosa de quê?
Ela teimou: uma vaidade, padre, que não consigo explicar.
Com voz suave o padre experiente liquidou a fatura:
- Minha filha, isto não é vaidade, é besteira.
O ministro Alfredo Nascimento tem um padrinho poderoso: os 40 votos do PR na Câmara. Mas, a oposição aposta que estacrise não para por aí. Vai crescer e dar filhotes.
Villas-Bôas Corrêa é reporter político do JB