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Lula treina para o ex-presidente perfeito

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O ex-presidente Lula está recuando para o segundo plano em tão surpreendente silêncio, como quem pisa em tapete fofo, que poucos parecem prestar atenção na sua retirada estratégica. Os primeiros passos são os mais difíceis, até porque contrariam o seu temperamento e mancham  a imagem da arrogância dos oito anos dos seus dois mandatos.

 Não sei e nem dou palpites sobre a duração desta temporada de bom-senso. Pois, ela repica não apenas na postura de inventor da candidatura da presidente Dilma Rousseff mas no seu grande eleitor. E que pousou de gerente da presidente, indicando a maioria dos ministros, vetando empistolados pretendentes, sem o menor cuidado de simular discrição. Ao contrário, Lula custou a conversar com o espelho e cair em si.

 Mas a virada foi perfeita e dissimulada. Lula e a família deixaram a ribalta, e é como ex-presidente que se hospeda com a família no Forte dos Andradas, no Guarujá (SP), onde desfrutou de breves férias nos oito anos de Presidência. Nada mais justo e conveniente. O ex-presidente merece distinções e a proteção do Estado. E, francamente, é uma baixaria que raspa na falta de educação esta cata de pulgas da mediocridade. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, que fez e manteve o convite, tomou as providências elementares do anfitrião. Mandaram comprar o secador de cabelo, aparelho de DVD e dois ferros de passar roupa. Nada que qualquer pessoa deve fazer quando convida parentes e amigos para a temporada na casa de praia.

 A despesa ficou em R$ 6.772,78, o que chega a ser uma fortuna. E mais R$ 8 mil com serviços de desratização, desinsetização e descupinização. 

 O Forte dos Andradas foi frequentado por Lula e sua família em várias temporadas. Sem causar surpresa nem investigações sobre os gastos com sabonetes e papel higiênico.

 Para surpresa de muitos e desagrado de outros tantos, Lula e a família estão se retirando do palco com discrição e compostura. Em silêncio, sem críticas e cutucadas. Difícil é apostar até quando durará a temporada de sumiço e boca calada.  

 Ora, francamente, o ex-presidente é o líder mais popular do mundo, que exagerou nas viagens, nunca despachou um papel,  foi de rude arrogância com a oposição e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, não pode ser crucificado quando sai de cena pisando macio.

 Mas é um ex-presidente que tem direito à proteção do governo. São ossos do ofício. 

 O governo tem o dever de garantir a privacidade do ex-presidente Lula e da sua família. E certamente a presidente Dilma Rousseff, escolhida e eleita por Lula, estará atenta aos deveres do cargo e aos da gratidão. 

 A imprensa não pode desviar a atenção para bagatelas, quando o Congresso, o pior de todos os tempos,  cai na baixaria, com denúncias de corrupção denunciadas da tribuna pelo deputado Fernando Chiarelli (PDT-SP) nos termos mais contundentes: “Quem estiver votando a favor da urgência para aprovar o projeto da legalização dos bingos está levando uma graninha para colocar no bolso. A corrupção está correndo solta aqui. Vamos ver ali, no placar, quem está ganhando dinheiro dos traficantes. Traficantes, eu vi uns 200 rodando por Brasília”.

 No campeonato da corrupção no Congresso, o deputado Sílvio Costa (PTB-PE) defende também a legalização dos cassinos. 

 A reação no Legislativo à investida  da corrupção e do suborno ainda não pode celebrar a vitória. Ao contrário: no primeiro teste do Congresso renovado, ficou claro como a água da fonte, este é o pior de todos os tempos.

 Pior do que está, só a próxima se até lá a reação popular não virar o jogo, emparedando os parlamentares com a ocupação do Congresso numa das próximas maracutaias da lista dos lobistas.