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A superlotação carcerária é problema de todos

Precisamos nos lembrar que ali estão seres humanos pagando pelos erros cometidos

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As celas abarrotadas nas cadeias e presídios brasileiros  se anunciam como  mais um dos desafios que Dilma Rousseff terá pela frente, sem esquecer o aumento da população carcerária, que, como mostrou a edição de ontem deste Jornal do Brasil, já é a terceira maior do mundo, perdendo apenas para Estados Unidos e China.

Embora o governo tenha investido R$ 1,2 bilhão em melhorias no sistema penitenciário nos últimos oito anos, o contingente de presos cresceu quase 150% desde 2000.

Aumentam os riscos de rebeliões,  doenças e mortes, enquanto diminuem as vagas, a assistência jurídica, a chance de ressocialização e até as oportunidades de soltura daqueles que já cumpriram suas penas.

Não raro, a população civil varre esse problema para debaixo do tapete, como se a responsabilidade não fosse também dela, ou como se os presidiários merecessem viver em condições sub-humanas em celas ou, como foi descoberto recentemente no Espírito Santo, no Pará e em Mato Grosso, em contêineres. Há quem considere absurdo que a União gaste dinheiro com a comida dos presos, em sua maioria negros ou pardos, jovens e sem escolaridade.

Na tentativa de resolver a questão, o governo criou, em 2006, o Sistema Penitenciário Federal, para construir cadeias de segurança máxima e diminuir o déficit de vagas.

Mas até que ponto é possível debelar esta crise na base da construção de presídios? Talvez fosse mais frutífero investir em políticas de inserção social, penas alternativas e escola para os presidiários.

A organização não governamental Comitê para Democratização da Informática, criada em 1995, é exemplo de política de boa vontade: em 2000, começou a ensinar informática a presos do Rio de Janeiro e já está em sete estados brasileiros. Mais de 3 mil detentos foram beneficiados pelo projeto, que oferece chances de ressocialização dentro e fora do cárcere.

É preciso que não só Dilma Rousseff, mas todos os brasileiros, pensem que nas prisões há seres humanos que já pagam por seus erros com a privação de sua liberdade.