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Na Câmara, iniciativa louvável e demorada

Passou da hora de o Brasil acordar para a questão da acessibilidade para portadores de deficiência

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A Câmara dos deputados vai reformar o plenário da Casa para que quatro novos parlamentares portadores de deficiência possam ter acesso às sessões. A iniciativa, é claro, é correta e muito bem vinda. Mas por que só agora a medida foi tomada? Na Casa há verbas para praticamente tudo o que seus integrantes precisam. Portanto, a demora em se buscar a adaptação do plenário dá sinais de um desleixo incompreensível. Afinal de contas, de lá deveriam vir os bons exemplos a serem seguidos pela nação.

Na matéria publicada ontem pelo Jornal do Brasil, é dito que serão feitas adaptações também em outros setores da Câmara, e que está prevista a contratação de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para tradução em eventos, nas portarias e em visitas guiadas. Novamente, louvamos a iniciativa, mas lamentamos que tenha demorado tanto tempo.

Já passou da hora de o Brasil acordar para a questão da acessibilidade para portadores de deficiência. Algumas medidas, como a obrigatoriedade de equipamentos especiais em ônibus, já contam com regulamentação. A partir de 2014, todos os ônibus urbanos  utilizados no transporte público terão de ser adaptados.

Mas ainda há muito o que se caminhar em direção a um sistema de acessibilidade digno para um país que almeja ser chamado de desenvolvido.

Todos queremos um PIB de dois dígitos, uma moeda forte e estável e um nível de emprego nos padrões recomendados internacionalmente. Mas desenvolvimento também é resultado de respeito por aqueles que, por motivos diversos, não têm condições motoras ou físicas de ouvir, falar ou se locomover normalmente.

Portanto, espera-se que, principalmente o poder público tome consciência de que já não dá mais para adiar obras que tornem o acesso de portadores de deficiência totalmente viável em fóruns, câmaras legislativas, delegacias, palácios e repartições em geral. Tais medidas não se configuram em favores ou atos de boa vontade, mas em obrigações do poder público diante de um grupo de cidadãos que têm os mesmos direitos que a maioria da população.