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Lava Jato prende banqueiro usado por Cabral para comprar milhões em joias

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A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) cumprem três mandados de prisão temporária nesta sexta-feira (3), contra suspeitos de lavagem de dinheiro por meio de uma joalheria no Rio de Janeiro. Um dos alvos é o banqueiro Eduardo Plass, que foi presidente do Banco Pactual e é sócio majoritário do TAG Bank, no Panamá, e da gestora de recursos Opus. Ele é suspeito de ser o responsável pela lavagem de dinheiro de R$ 90 milhões da joalheria H. Stern.

Plass mora em Londres, mas estava de passagem pelo Rio de Janeiro. A decisão é do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal no Rio.

A chamada Operação Hashtag é um desdobramento da Operação Lava Jato no Rio. De acordo com o MPF, o esquema consistia no recebimento de dinheiro em espécie dos diretores administrativos da joalheria em Ipanema, e posterior transferência no exterior de valores de uma conta sob seu controle (The Adviser Investmentes Limited) para uma empresa offshore de fachada (Fleko ou Erposition), que, por sua vez, ainda transferia esses valores para uma outra empresa offshore de fachada (Robilco), e que, por fim, transferia os valores para a empresa holding do grupo da joalheria.

O MPF apontou que, para dar aparência de legalidade às transações, a equipe de Eduardo Plass assinava contratos fictícios de empréstimos com os diretores da joalheria, forjados como se fossem empréstimos, muitos deles com datas retroativas, ideologicamente falsas, forjados como se fossem empréstimos entre a empresa The Adviser Investments e as offshores Fleko e Erposition, que recebiam os valores no momento inicial de cada transação.

O esquema aconteceu entre 2009 e 2015, quando foi, segundo o MPF, cometida uma série de crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, pelos diretores da joalheria, que agora colaboram com as investigações do MPF, e pelos alvos da operação desta sexta-feira: Eduardo Plass, Maria Ripper Kos e Priscila Moreira Iglesias, as duas sócias de Plass. 

Foram entregues no exterior 24,3 milhões de dólares, o equivalente a mais de R$ 90 milhões. O MPF pediu o bloqueio deste valor a título de reparação de danos e valor equivalente a título de danos morais, totalizando R$ 181 milhões.

“O que chama a atenção neste caso é o próprio banqueiro fazer operações de dólar-cabo a fim de lavar capitais. Com isso, fica comprometida toda regulação de compliance. É como se o árbitro de futebol entrasse em campo, por baixo do uniforme, com a camisa de um dos times, encobrindo ativamente jogadas desleais”, analisam os procuradores da força-tarefa.

Um dos principais clientes da joalheria que pagava em dinheiro em espécie e sem nota fiscal era o ex-governador Sérgio Cabral. Os diretores da H. Stern firmaram acordo de delação premiada com o MPF.

Eduardo Plass já havia sido conduzido coercitivamente, no ano passado, quando foi deflagrada a Operação Eficiência, que apurou ocultação de mais de US$ 100 milhões do ex-governador Sérgio Cabral no exterior. O TAG Bank do Panamá era o responsável pela conta Golden Rock, usada pelo empresário para pagar propina a Cabral (MDB), de acordo com o Ministério Público Federal.

A força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro também cumpria quatro mandados de busca e apreensão.