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Em carta, crítico se defende das acusações

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‘Injusta avalanche de acusações’

Rio de Janeiro, 27 de julho de 2018.

Desde 2007, a docência é parte oficial e regular de minhas atividades, e sempre fiz do rigor e da exigência um padrão: dou prova, aplico testes de surpresa, cobro participação... e de todos. É uma postura rígida, avessa a conversinhas paralelas e olhadelas a celulares que hoje soam como retaliação ou... assédio, o moral... que alguns confundem com o sexual. 

Em 2012, comecei a lecionar na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, instituição pela qual sempre tive, e ainda tenho, absoluto respeito, apesar do turbilhão de acusações que agora recebo, ecoando de lá. Foi uma surpresa o teor das acusações, descabidas e inverídicas, e mais surpreendente ainda, o fato de elas virem de uma turma que dizia me adorar. A recíproca era, e ainda é, verdadeira. Foram cerca de 80 pessoas com quem trabalhei de março a julho, diante de salas lotadas, buscando sempre dar o melhor de mim e buscar — palavra fundamental — entender como melhor servir a todos. Várias vezes, quando precisei recomeçar uma explicação do zero, insistia em dizer que esse era um direito deles. Nunca me furtei a responder nada. E, logo no primeiro dia, escrevi meu e-mail e meu celular no quadro, como faço em todas as turmas, oferecendo-os como opção para que todos pudessem me acessar, fosse para comentar os trabalhos, fosse para tirar dúvidas. Daí vem a minha pergunta mais sincera: diante de uma relação tão aberta, por que eu não fui procurado por eles, alunos, para que me expusessem, diretamente, seus possíveis incômodos? E por que a reclamação apareceu justamente na véspera da prova, que eles tanto temiam fazer?

Depois de uma reportagem na internet, assinada por um repórter que já me interpelou com acusações, virei alvo de um linchamento público alimentado de forma viral, descontrolada e irresponsável nas redes sociais, difamando a minha honra. Vejo hoje, com tristeza, a utilização midiática sensacionalista do meu nome e da minha conduta profissional e não quero alimentar mais fofocas anônimas e suposições infundadas, mas, em respeito aos meus amigos, colegas de trabalho, da minha família, do Jornalismo e do Cinema Brasileiro, prestarei aqui alguns esclarecimentos.

Sempre me comportei de maneira solícita com meus alunos sem deixar que questões pessoais se impusessem na minha maneira de trata-los. Estive disponível mesmo fora dos horários letivos, sempre que procurado, para tirar dúvidas sobre provas e lições. Atendi, por WhatsApp, demandas de mulheres e homens.

Levava brindes (livros, DVDs e ingressos) pra sala de aula com intuito motivacional (estimular a leitura ou apresentar alguma cinematografia) e sorteava-os em público, sem favorecer este ou aquele. E, muitas vezes, alunos e alunas vinham me dizer: “Poxa, até agora o senhor não me sorteou. Fui o único que não ganhei nada”. Mas, em sala, não tolerava dispersão e era ríspido, o que vem sendo confundido com assédio moral. 

Sempre respeitei minhas alunas, prezando por manter minha postura profissional e jamais forcei ninguém (fosse estudante ou não) a me beijar. E jamais me recusei a respondê-las por qualquer quer fosse o motivo. 

Vejo agora que meu posicionamento crítico, inerente à minha atividade como resenhista de filmes, passou a ser (mal) interpretado como atitude intolerante ou preconceituosa. Não há nada em minhas atitudes que possa ser qualificado como homofóbico, racista ou xenófobo. 

Diante de toda essa execração pública covarde e falaciosa, não me resta alternativa senão aguardar a passagem dessa injusta avalanche de acusações, em relação a qual não detenho força e nem mesmo mecanismos para enfrentar. Mas sei que os estragos por ela causado serão irreparáveis e eternos.