Antes de ir para o seminário, na juventude, o padre Omar Raposo, 38 anos, era um carioca como outro qualquer, fã de samba e futebol. Depois que ordenou-se padre com formação religiosa no seminário Diocesano e artística no Conservatório Brasileiro de Música e no Curso de Música Sacra da Universidade Santa Cecília de Roma, o padre Omar continuou um carioca clássico , e continuou fã de samba. Apesar de sua formação artística sacra e clássica, o padre Omar insiste em ser um artista popular e usar a música como instrumento para despertar a religiosidade dos fieis em sua paróquia e fora dela. A carreira do Padre Omar é em boa parte baseada no seu projeto “Samba de Fé”, seja em seus CDs e DVDs ou em seus shows. Aliás, nesta quinta-feira o padre faz novo show no Teatro Casa Grande.
Evolução do público
É nesse tom que o padre faz mais sucesso, nos CDs, DVDs e shows, ou mesmo em suas missas dominicais. as das 19 horas horas. Um exemplo é a evolução de público que teve na igreja, desde que chegou a São José. Em sua primeira missa na Igreja, contou 17 fiéis. Hoje, suas missas que tem alguns dos rituais tradicionais adaptados com acompanhamentos musicais diferentes dos originais lotam a igreja, com cerca de 800 lugares.É na São José também que o padre Omar exerce a maior parte de seus projetos culturais e sociais e de desenvolvimento sustentável.
Lá até o teto da Igreja é repleto de placas que absorvem energia solar e tornaram a Igreja e seus anexos autossuficiente em energia. Hoje, além de pároco da Paróquia de São José da Lagoa, o padre Omar é também administrador do Cristo Redentor, depois de passar pelas paróquias de Nossa Senhora de Guadalupe, no Complexo do Alemão, de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, e da Imaculada Conceição, em Botafogo. É a Paróquia, além do Cristo Redentor, as bases para tocar seus projetos sociais, de desenvolvimento sustentável e culturais.
Na São José, além do único bloco católico do carnaval carioca, o Cordão de São José, que saina semana anterior ao Carnaval, o Padre comanda também o projeto de desenvolvimento sustentável, que inclui o próprio prédio da Igreja. Em seu teto, estão instaladas placas de coleta de energia solar, que garantem autonomia energética ao templo e a suas instalações contíguas. Ali funciona uma cozinha social, na qual são produzidas refeições para centenas de moradores de rua, atendidos pelo projeto Ruah, que leva refeições e roupas doados pelos fiéis da Paróquia à população carente que vive nas ruas da Zona Sul carioca. Na Igreja, o Padre administra também um centro de capacitação profissional, onde dá formação e auxilia desempregados em tarefas simples como produzir currículos, além de fazer intermediação entre quem precisa contratar e aos desempregados.
Refugiados
No Centro Social da Igreja, o padre passou também a atender neste ano refugiados que precisam de ajuda tanto com idiomas quanto com sua adaptação ou para arrumar emprego. Da primeira turma que ainda termina seu curso na São José, já devem sair nesta semana sete refugiados para um processo de seleção no Hotel Marina, no Leblon. “Muitos deles têm a vantagem de falar francês, o que ajuda na área de turismo”, explica o padre, referindo-se a refugiados que vem de países que foram colônias francesas. No Cristo Redentor, o trabalho do padre também aparece bastante. Nas capanhas que usam o Cristo para dar visibilidade aos seus objetivos, o Padre encontra parceiros também para suas próprias batalhas:”Projetamos os objetivos das campanhas no Cristo e, em contrapartida, pedimos ajuda para dar apoio a causas das pastorais de assistência social da Igreja”, conclui o padre que bate um bolão.