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ONU pede breve elucidação do assassinato da vereadora Marielle Franco

Instituições e personalidades falaram sobre crime

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A Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil manifestou nesta quinta-feira (15) consternação com o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro e defensora dos direitos humanos Marielle Franco (Psol), de 38 anos. Em nota, a ONU diz que espera rigor na investigação do caso e breve elucidação, com responsabilização pela autoria do crime.

“Quinta vereadora mais votada nas eleições municipais de 2016, Marielle era um dos marcos da renovação da participação política das mulheres, diferenciando-se pelo caráter progressista em assuntos sociais no contexto da responsabilidade do Poder Legislativo local”, afirma a organização na nota.

A parlamentar foi eleita com mais de 46 mil votos. Em sua plataforma, defendia o enfrentamento ao racismo, às desigualdades de gênero e à violência nas periferias e favelas.

Ela foi assassinada a tiros na noite desta quarta-feira (14), no centro da cidade. O motorista que conduzia o carro em que a vereadora estava também foi morto pelos disparos.

Marielle saia de evento da agenda de 21 dias de ativismo contra o racismo, em função do Dia Internacional contra a Discriminação Racial, que será lembrado na próxima quarta-feira (21).

O corpo será velado na Câmara de Vereadores, onde a parlamentar receberá homenagens. Marielle era presidente da Comissão da Mulher na casa e tinha acabado de assumir a relatoria da comissão parlamentar que acompanhará a Intervenção Federal na Segurança Pública.

Direitos Humanos e interventor da Segurança analisam caso

Com "indignação profunda", o Ministério dos Direitos Humanos divulgou "tristeza e pesar" pela morte da vereadora Marielle Franco, 38 anos, assassinada nesta quarta-feira (14), na região central da cidade, junto com o motorista da parlamentar, Anderson Pedro Gomes, 39 anos. Os dois morreram na hora.

O ministro Gustavo Rocha e Observario vão se reunir nesta quinta às 14h, com o interventor federal na segurança pública do Rio, general Braga Netto, no Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste, para reforçar o pedido de rigor nas investigações do crime. Todo o aparato do Observario e a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos estão mobilizados para acompanhar o caso.

De acordo com o ministro, “o Brasil e o Rio de Janeiro não podem mais aceitar o estado de barbárie que leva a crimes como o que vitimou Marielle. Neste momento, governo e sociedade civil precisam estar unidos para buscar soluções concretas de segurança, sem perder de vista o fundamento indispensável do respeito aos direitos humanos”.

Líder significativa e símbolo do ativismo em direitos humanos, Marielle teve atuação decisiva na defesa dos direitos de todos os cidadãos, com lutas expressivas na área de segurança pública e nas causas das mulheres, negros e Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros.

Celso Amorim e MPRJ se pronunciaram sobre crime

O ex-chanceler Celso Amorim também divulgou nota: "O assassinato brutal de Marielle Franco nos faz refletir sobre os objetivos e o sentido da intervenção federal/militar no Rio de Janeiro. Para além da comoção indignada pela execução de uma mulher lutadora pelos direitos dos pobres e desvalidos, temos que exigir uma apuração ampla e transparente sobre os autores do hediondo crime. O que está em jogo é a segurança de todos, mas principalmente daqueles que dedicam suas vidas à defesa dos direitos humanos."

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) também divulgou nota: "O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) vem externar sua profunda indignação com a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), militante dos direitos humanos, e de seu assessor Anderson Pedro Gomes, covardemente assassinados na noite de ontem, 14/03. O significado da morte da vereadora extrapola as suas funções públicas e expressa, sobretudo, um ataque às lutas pela igualdade de raça e gênero, bem como pela justiça social. O MPRJ, por meio de seus órgãos competentes, não medirá esforços para, juntamente com os demais organismos de segurança pública, identificar e punir os autores deste crime bárbaro."

Morte de Marielle Franco choca Justiça Eleitoral, diz presidente do TSE

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luiz Fux, abriu a sessão ordinária da Corte expressando “profundo pesar” da Justiça Eleitoral pelo assassinato de Marielle.

Em nome da Justiça Eleitoral, Fux disse que todos “que velam pela higidez do processo democrático” ficaram “chocados que no mundo de hoje se tente calar a voz da política com uma atitude que demonstra um baixíssimo déficit civilizatório nesse campo”.

“Nesses momentos a sociedade sofre muito, mas a sociedade não se cala nem há de se calar. Nós aqui, em nome de todos os colegas [magistrados], das bancas [de advocacia] e dos eleitores, gostaríamos de manifestar profundo pesar pela trágica morte dessa vereadora”, disse.

Presente na sessão, a advogada Maria Cláudia Bucchianeri Pinheiro disse, em nome do Movimento Mais Mulheres no Direito, que “hoje é dia em que nós mulheres estamos todas enlutadas pela morte de Marielle, uma vereadora combativa, defensora dos direitos humanos e feminista ativa que lutava pelos direitos de todos nós”.

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudio Lamachia, também divulgou nota na qual disse que o “assassinato da vereadora Marielle Franco é um crime contra toda a sociedade e ofende diretamente os valores do Estado Democrático de Direito. O Conselho Federal da OAB acompanha o caso e espera agilidade na apuração e punição exemplar para os grupos envolvidos”.

Defensoria Pública do Rio de Janeiro também divulga nota

A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ) está em luto pelo assassinato da vereadora e socióloga Marielle Franco.

O crime cometido contra a vereadora, e que também vitimou o motorista Anderson Pedro Gomes que a acompanhava, tem fortes sinais de execução, cuja motivação pode estar diretamente ligada à destacada atuação da parlamentar na defesa dos diretos das comunidades de bairros pobres e favelas.

O sacrifício da vereadora Marielle Franco não pode ser em vão. Além da apuração do crime e a identificação de todos os seus responsáveis, é imprescindível reforçar a proteção das pessoas que com ela trabalhavam e das comunidades cuja violência sistemática ela denunciava.

Nota de Pesar e Repúdio do Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF

A Direção do Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense, em nome de toda a sua comunidade, vem a público demonstrar sua indignação e prestar sua solidariedade aos familiares, companheiras e companheiros da vereadora da Cidade do Rio de Janeiro Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes, assassinados na noite do dia 14 de março de 2018.

Mais uma vez na história deste país a extrema violência é acionada para calar alguém que clara e frontalmente estava denunciando os graves desrespeitos aos direitos humanos de pobres e negros do Rio. Ressaltamos aqui toda nossa admiração pela trajetória de Marielle, sem dúvida uma referência para a juventude de nossa Universidade, em especial para aquelas e aqueles que há muito vêm militado para que superemos socialmente o racismo, a homofobia, o machismo e a misoginia. Temos certeza de que a luta de Marielle alimentou e alimentará as esperanças do corpo discente, docente e técnico-administrativo de nosso Instituto. Sua memória não será apagada facilmente.

Que hoje, para além dos sentimentos arrasadores que estamos vivendo, a cidade, a região metropolitana do Rio de Janeiro, mostre a sua melhor face e se reúna à manifestação pública - este local que Marielle Franco sempre ocupou de forma digna - de luto e vigília, em homenagem a uma pessoa que sonhou e lutou por um mundo menos violento, preconceituoso e desigual.

O ato será às 17 horas, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Na expectativa de que este crime seja apurado com o devido rigor e celeridade, celebraremos a força desta mulher incrível.

Com Agência Brasil