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Defensoria abre nova turma de curso para pessoas em situação de rua no Rio

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A partir de 5 de fevereiro de 2018, pessoas em situação de rua receberão aulas na Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, no segundo ano do projeto Acelerando a Escolaridade. A primeira turma do projeto se formou no último sábado (16), com 38 alunos que tiveram aulas com os professores voluntários.

As inscrições para o próximo ano do projeto podem ser feitas a partir de 22 de janeiro, na sede da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. A expectativa da coordenadora do projeto, Sara Quimas, é formar turmas de cerca de 30 alunos e levar as aulas até dezembro. Caso esteja sem documentos para se inscrever, o interessado deve procurar o curso mesmo assim, porque será auxiliado a emitir uma nova via da documentação.

Sara, que foi defensora pública, se formou em letras Português/Literatura depois que se aposentou. Os anos de atuação na defensoria, segundo ela, fizeram com que percebesse o peso da escolaridade na conscientização sobre os direitos e a cidadania.

O curso começou em abril, com aulas de português e matemática, e mais professores se juntaram já nos primeiros dias, acrescentando ao currículo geografia, história e literatura. Além dessas disciplinas, o curso tem palestras sobre temas ligados à cidadania, como funcionamento do Estado, benefícios da Previdência Social, saúde pública e eleições, e leva os alunos para passeios culturais, como tetros e museus.

"O resultado foi que alguns alunos resolveram regularizar a situação escolar e procuraram o EJA [Educação de Jovens e Adultos]", informou Sara, que tem alunos de diferentes níveis de escolaridade, desde o fundamental incompleto até o médio completo, incluindo alunos analfabetos.

O curso oferece um certificado que não é reconhecido como comprovante de escolaridade pelo Ministério da Educação, mas pode ser acrescentado ao currículo para aumentar as chances de conseguir um emprego.

Apenas 38 pessoas se formaram sábado no curso que chegou a ter 101 inscritos ao longo dos meses de atividades. "Conversamos bastante sobre esse aspecto e o que nós percebemos é que o motivo de boa parte dos alunos que deixaram de frequentar foi a obtenção de um contrato de trabalho ou volta para a família, em locais distantes. O abandono pelo abandono, foi uma quantidade pequena", disse a defensora.

O projeto tem a parceria da Fundação Escola da Defensoria Pública (Fesudeperj), do Centro de Estudos Jurídicos da DPRJ (Cejur), do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da DPRJ (Nudedh) e do Centro Pop Barbara Calazans do Município do Rio de Janeiro.

Durante as aulas, os professores percebem outras carências, como a necessidade de alguém registrar a perda de documentos e aconselhar lugares para pernoite. Além de encaminhar essas demandas, o curso planeja ensinar a usar o computador para resolver questões particulares em locais que disponibilizam acesso à internet.

"Vai ser uma espécie de letramento digital. Uma familiarização com universo da internet, teclado de computador. Vimos que poucos sabiam manusear", disse Sara.