O empresário Georges Sadala, preso preventivamente nesta quinta-feira (23) pela Polícia Federal, se preparava para deixar o país com a família, diz petição do Ministério Público Federal (MPF) que fundamentou a operação C'est Fini, que também prendeu o o ex-chefe da Casa Civil de Sérgio Cabral, Régis Fichtner.
De acordo com os investigadores, Sadala fez aplicações em contas no exterior e, em maio deste ano, pesquisou o sistema de imposto de renda para estrangeiros que moram em Portugal.
A mulher do empresário enviou um e-mail para a escola de seus filhos, em abril deste ano, pedindo indicações de colégios em Portugal. "Gostaria da sua orientação quanto a escolas britânicas em Portugal. Há alguma que se comunique em termos de filosofia com a nossa British aqui do Rio??? Como vc mesma me alertou, é muito importante que caminhemos juntos nesse processo até mesmo porque não será definitivo. Em princípio, ficaremos apenas 1 ano lá...", dizia o e-mail.
As investigações do MPF mostram que o patrimônio de Sadala saltou de R$ 1,4 milhão em 2007 para R$ 35,6 milhões em 2016. Os promotores ainda destacam que Sadala era sócio majoritário de algumas empresas entre 2007 a 2016, "com mesmo perfil duvidoso", que geravam lucro mesmo sem prestação de serviços regulares.
Uma das empresas, a Gelpar, integrou o consórcio Agiliza Rio, contratado pelo estado do Rio de Janeiro para administrar as atividades nas unidades Rio Poupa Tempo.
Elo entre Cabral e Aécio
Georges Sadala é apontado pelo MPF como operador financeiro da organização comandada por Sérgio Cabral. Ele é "amigo de farras" do senador tucano Aécio Neves, e também tem proximidade com Alexandre Aciolly, dono da rede de academias Body Tech, e Fernando Cavendish, ex-dono da Delta, que também foram intimados a depor na operação desta quinta, destaca a coluna de Lauro Jardim no O Globo.
Sadala e Aciolly moram no mesmo prédio, na Avenida Vieira Souto. Já a relação com Cavendish teria passado para uma inimizade, supostamente pela venda de um apartamento, que Sadala não teria pagado conforme o combinado.
Aécio foi padrinho de casamento de Sadala. De acordo com a Folha, este levou para operar em Minas e frequentar o círculo de amizades o empresário Fernando Cavendish. Perto do fim de seu mandato como governador, Aécio teria apresentado Sadala a Cabral.
>> Fichtner tentou impedir investigação contra ele, diz MPF
>> 'C'est fini': nome da operação é inspirado nas fotos da "farra dos guardanapos"