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'Clarín': Operação militar controversa na Rocinha gera polêmica e divide opiniões

Jornal diz que Governo celebra resultados mas traficantes continuam atuando

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Matéria publicada pelo jornal argentino Clarín questiona a operação militar realizada na comunidade da Rocinha no Rio de janeiro, Brasil.

De acordo com o diário os resultados até o momento não justificam a quantidade de tropas que desde sexta-feira (22) cercam a comunidade.

As Forças Armadas chegaram com tanques, veículos blindados, ambulâncias e armamentos para uma guerra, ressalta Clarín. Era uma exibição alarmante para quem assistia na TV. Mas essa parafernália não serviu para expulsar os traficantes que ainda dominam os pontos de venda das drogas naquela favela.

Tudo indica que este não era o propósito, argumenta. Segundo o ministro da Defesa, Raúl Jungmann, se as Forças Armadas atuassem de forma "ostensiva", haveria um "massacre". Aliado do presidente Michel Temer, o funcionário disse que "as forças armadas, por causa do prestígio e legitimidade, assumiram um papel que realmente não lhes pertence.

"Estes estão preparados para destruir, enfrentar o inimigo e possuir uma arma de alta capacidade destrutiva. Se usassem na Rocinha, ocorreria uma tragédia ". Ele resumiu então: "As tropas podem ajudar, apoiar, mas o papel fundamental é a polícia. As questões de segurança devem ser resolvidas por essa área e não pelo Ministério da Defesa ".

Clarín acrescenta que eles não podem chegar ao fim da colina, nem podem percorrer as áreas da vegetação da selva, onde os traficantes estão escondidos. É aqui que entram os policiais comuns e especializados, como os dos batalhões de choque, que conhecem a Rocinha. O Comissário Antonio Lima explica um pouco melhor qual seria a estratégia. 

"Nós fizemos uma pesquisa dos pontos mais críticos, com maior incidência de confrontos. E também os lugares onde as armas poderiam estar escondidas ", disse ele. 

"Nosso plano é fazer incursões; mas para isso precisamos da autorização da justiça ".

A licença judicial ainda não chegou, informa. Mas os vizinhos da comunidade denunciam que soldados e agentes do Bope realizaram incursões dentro das casas. Esta informação foi transmitida através do WhatsApp, esclarece o Clarín.

Assim, as primeiras vítimas parecem ser os próprios vizinhos, que são até "revistados" pelos soldados quando eles descem para sair da região. Basta ser jovem para gerar suspeita, avalia o periódico. O general Mauro Sinot, que coordena a operação militar no Rio, disse ontem no Centro de Comando Integrado que os 950 homens não têm determinação de tempo para sair.

>> Clarín