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Para oposição, declaração de Picciani é tentativa de separar Pezão do PMDB

Presidente da Alerj, que é do mesmo partido, defendeu o impeachment, mas já engavetou pedidos

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A declaração do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), ainda repercute entre os parlamentares da Casa. O presidente estadual do partido afirmou há alguns dias que a solução para o estado é uma intervenção do governo federal ou o impeachment do governador Luiz Fernando Pezão, seu correligionário. “É só ele votar o pedido de impeachment apresentado pelo Psol que ele mesmo trancou aqui, se ele quiser ser coerente entre o que fala e o que faz”, afirmou o deputado Marcelo Freixo (Psol).

Para Freixo, que é líder de bancada, a declaração de Picciani seria na verdade uma tentativa do PMDB de se desvencilhar da impopular figura do governador. “Acho que já podem estar com 2018 na cabeça. Todos que foram base do governo, todos que foram do PMDB e dos partidos aliados são responsáveis por essa situação catastrófica do Rio de Janeiro. Essa culpa não é só do Pezão”, afirmou.

“Ele não tem condição de governar, cometeu crime de responsabilidade, mas não fez isso sozinho. Tem muita gente agora querendo pular fora do barco pensando nas próximas eleições. Certamente é isso”, complementou o deputado.

>> "Para o Rio, só resta a intervenção federal ou o impeachment de Pezão", diz Picciani

O deputado Luiz Paulo (PSDB) também lembrou que Picciani tem o impedimento do governador na mesa. “Só tenho a dizer que a bancada do PSDB, que eu lidero, entrou com pedido de impeachment. Essa declaração de Picciani se dá porque é um governo muito moroso, leniente, se rende aos desejos da união e do governo Temer. É uma calamidade pública na gestão financeira”, disse. 

Já Luiz Martins, líder do PDT na Alerj, considera que Picciani não pensou nos servidores e nem no estado ao fazer essa declaração. ”Era uma questão do PMDB, um problema deles. O presidente da República, que fez essas exigências, é do PMDB. Picciani é presidente do PMDB estadual e presidente da Câmara. O governador é do PMDB. Até o relator da lei federal que criou o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), Pedro Paulo, é do mesmo partido. É uma questão interna que tem de ser resolvida internamente”, disse.

“O que não dá mais é a gente conviver com esse atraso de três folhas salariais do servidor, com todo mundo passando necessidade, com as pessoas doentes. Sentando é que se resolve”, complementou.

Com uma linha de raciocínio alinhada com a do companheiro de partido, Wanderson Nogueira (Psol) também considera a declaração de Picciani uma estratégia eleitoral. “Quando Picciani afirma que o problema é o Pezão e não o PMDB, é uma visão eleitoral para o ano que vem. Dessa forma eles fazem o sucessor dizendo que o Pezão era o problema. Temos que ter esse cuidado. A guerra de caciques do PMDB só prejudica a população fluminense”, concluiu.

* do projeto de estágio do JB