ASSINE
search button

Procuradores franceses investigam compra de votos para Rio-2016

Investigação apura possível relação entre empreiteiras beneficiadas com obras e suposto suborno

Compartilhar

Procuradores do Ministério Público da França estão em Brasília para investigar, juntamente com procuradores do Brasil, um suposto esquema de compra de votos de membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) para a escolha da sede dos Jogos Olímpicos em 2016.

A investigação apura se delegados da organização receberam propina em troca do voto favorável na disputa com Madri, Tóquio e Chicago pelo direito de organizar a competição no Brasil.

As investigações apontam que três dias antes da sessão do COI que definiria a cidade-sede dos Jogos de 2016, duas transferências que totalizaram US$ 2 milhões foram realizadas pela Matlock Capital Group, empresa com sede em Miami, nos Estados Unidos, e de propriedade do empresário brasileiro Arthur Cesar de Menezes Soares Filho, em favor de membros da família do então presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) e membro do COI, Lamine Diack.

Nessa época, o Grupo Facility, de Arthur Soares, tinha contratos de prestação de serviços da ordem de R$ 3 bilhões firmados com o governo de Sergio Cabral.

Os depósitos foram realizados pela Matlock em dois momentos: um primeiro de US$ 1,5 milhão em 29 de setembro de 2009, em favor da empresa Pamodzi Consulting, de propriedade de Papa Massata Diack, filho de Lamine Diack.

Uma segunda transferência, de US$ 500 mil, também proveniente da mesma empresa, beneficiou uma conta de Papa Diack na Rússia. Segundo o MP Financeiro da França, o voto de Lamine Diack em favor do Rio seria crucial para obter a adesão de dirigentes africanos, que votam em bloco nas sessões do COI

O MP investiga vínculos entre Arthur Soares e Sérgio Cabral, e a suposta corrupção para os Jogos de 2016, inclusive com a realização de obras públicas. Um dos focos da investigação é o possível vínculo entre empreiteiras que se beneficiaram dos projetos de infraestrutura para a Rio-2016 e a suposta compra de votos. Os investigadores levantaram que, dos R$ 38 bilhões previstos no orçamento original dos Jogos do Rio, a Odebrecht ficou com contratos avaliados em R$ 26 bilhões.