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'El País': Funcionários declaram guerra à pacote de austeridade no Rio

Centro da cidade viveu cinco horas de conflito em nova manifestação contra cortes

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Matéria publicada nesta quarta-feira (7) pelo jornal El País Espanha relata que por cerca de cinco horas o coração do Rio de Janeiro virou novamente, um campo de batalha, na terça-feira (6). 

O diário descreve que de um lado policiais fardados protegiam com bombas de gás lacrimogêneo, cavalaria e blindados a Assembleia Legislativa (Alerj), onde deve ser aprovado um pacote de medidas com cortes de gastos que afetará o salário dos servidores públicos. Do outro, os servidores públicos: policiais civis, militares, agentes de saúde, professores, estudantes e funcionários do Tribunal de Justiça resistindo ao embate, alguns com pedras, rojões e barricadas, outros apenas com máscaras e camisetas no rosto para se proteger.

O noticiário espanhol acrescenta que não foi a primeira vez que policiais reprimiam os protestos dos próprios colegas de farda – no último dia 16, depois de um grupo de manifestantes derrubar a grade que protege a Alerj, a PM respondeu com uma chuva de bombas –, mas dessas vez muitos dos servidores, com seus salários atrasados e ameaçados, se mantiveram na rua, apesar do ar ficar por vezes irrespirável e de ser alto o risco de ser atingido pelo impacto de bombas de gás. 

El País destaca que o conflito, que começou por volta das 13 horas, se estendeu até o fim do expediente, num bairro com altíssima concentração de escritórios, e impediu centenas de trabalhadores, muitos em pânico, de voltarem para as suas casas.

> > El País Los funcionarios declaran la guerra a la austeridad en Río de Janeiro

Tentando se proteger do avanço da Tropa de Choque em uma coluna de mármore, uma policial civil à paisana resgatava do bolso sua camisa cinza da corporação para proteger o rosto da fumaça. 

El País relata que convocado às 10h, o protesto virou conflito cerca de três horas depois, quando um grupo tentou derrubar uma das grades que protege o prédio da Assembleia desde o dia 13 de novembro para evitar a entrada violenta de manifestantes. 

O periódico analisa que o clima nesta terça (6) era mais tenso que nos últimos protestos, pois no interior da Alerj os deputados se preparavam para o primeiro dia de votação de uma parte das medidas de corte de gastos propostas pelo Governo, que deve entrar em 2017 com um déficit de 17,5 bilhões reais nas contas públicas estaduais. As medidas votadas não eram as mais polêmicas e criticadas pelos manifestantes, como o aumento da contribuição previdenciária dos servidores de 11% para 14%. 

El País observa que enquanto votavam-se as mudanças e cortes de algumas despesas da própria Alerj e o corte de 30% dos salários do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e de dos seus secretários, a polícia atirava do lado de fora. O objetivo dos manifestantes, porém, era não diminuir a pressão em nenhum momento. 

Quem participa dos protestos quer a retirada completa do pacote de austeridade, já desfigurado pela resistência das ruas e a oposição dos próprios deputados em aprová-lo, finaliza El País.