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'The Guardian': calamidade pública é embaraço para anfitrião da Olimpíada

Para jornal britânico, medida reforça lista de problemas que o Brasil já enfrentava

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A medida anunciada nesta sexta-feira (18) pelo governador em exercício do Rio Francisco Dornelles, faltando menos de dois meses para o início da Olimpíada, é mais um problema para a longa lista de questões que o Brasil precisa enfrentar, diz o jornal britânico The Guardian. Em matéria publicada no final da noite de sexta, a publicação destaca que o estado de calamidade publica decretado é um embaraço para o anfitrião dos Jogos de 2016, a primeira edição da América do Sul.

Na lista dos problemas que o Brasil já acumulava, o The Guardian citou o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a maior recessão econômica em décadas, o maior escândalo de corrupção que se tem memória, a epidemia de zika e a onda de greves e ocupações no país. 

"É esperado que a economia brasileira recue em torno de 4% neste ano, como resultado da fraqueza dos preços de commodities, baixa demanda da China, paralisia política e investigação de corrupção na Lava Jato, que forçou a suspensão de vários contratos de construções e levou à prisão de dezenas de altos executivos. O Rio é particularmente bastante afetado porque é a sede da empresa estatal de petróleo Petrobras, que tem sido o centro da investigação", diz a publicação. 

O The Guardian também aponta para as dificuldades do Estado em lidar com os custos da saúde, segurança e educação, e os atrasos salariais de professores e médicos e ocupações de escolas e hospitais. 

Para o jornal britânico, o decreto de estado de calamidade pública por Francisco Dornelles é em parte uma tática política, já que a medida possibilita emprestar fundos sem a aprovação do legislativo estadual. "O presidente interino Michel Temer já concordou publicamente em desembolsar fundos federais para cobrir o rombo do Rio e garantir que os Jogos Olímpicos sejam realizados como planejado."

Contudo, para que os Jogos Olímpicos corram como o esperado, lembra o The Guardian, é preciso superar uma série de dificuldades, apesar dos principais equipamentos esportivos estarem completos ou dentro do cronograma estabelecido. 

O jornal apontou que a extensão do Metrô está atrasada, e que ela seria necessária para aliviar o tráfego para a Barra da Tijuca, onde fica o Parque Olímpico e a Vila dos Atletas. Também ressaltou a poluição da Baía de Guanabara, que vai receber algumas provas esportivas em meio a "sacos de plástico, excrementos humanos e outros resíduos".

"A maior preocupação para os 500 mil visitantes esperados para os Jogos é o corte no orçamento da segurança pública, o que contribuiu para os problemas enfrentados pela 'pacificação' de favelas e para um ressurgimento de crimes violentos. Isto em meio a advertências de que terroristas teriam o evento como alvo", completa a matéria. 

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