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Ciclovia da morte: engenheiro civil aponta equívocos em obra

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O engenheiro civil Alexandre Lima Tavares tomou a iniciativa de realizar uma perícia sobre a situação da obra da ciclovia que desabou no dia 21 de abril, causando pelo menos duas mortes. O objetivo era expor falhas construtivas possíveis de diagnosticar visualmente. Ele acredita que a obra ainda tem chance de ser recuperada, mas que apresenta muito "equívocos" e precisa se adaptar às normas vigentes.

O documento trata especificamente do trecho entre a placa de inauguração e o local do desabamento, e foi elaborado a partir de uma visita ao local, por dois engenheiros, baseados em fotos, normas e legislações vigentes, sem testes comprobatórios. Não houve acesso aos projetos e cálculos da obra, nem coleta de materiais para testes de resistências.

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Entre as anomalias constatadas, Tavares aponta, em conversa por telefone, que a bandeja da ciclovia, que desabou, deveria estar ancorada, não solta como estava. Se estivesse, contudo, os estragos do acidente poderiam ter sido piores. 

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Outra questão apontada foi a ausência de quebra-ondas no local, dimensionados para as marés média e alta. "As normas ABNT NBR 12655 – Concreto – Preparo, Controle e Recebimento – e ABNT NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento – classificam as regiões sujeitas a respingos ou variação de marés como de agressividade muito forte ou nível IV, salientando que há necessidade de preparos especiais, avaliações rígidas e levantamento de informações aprofundadas para embasar o projeto executivo", diz o documento.

Além disso, fora do trecho do desabamento, frisa o laudo, algumas bandejas apresentam excesso de afastamento, desniveladas e/ou desalinhadas, o que poderia provocar acidentes.

"Em sua grande maioria, na junção entre as bandejas protendidas, houve erro na metodologia do fechamento ocorrendo desprendimento do material acarretando em buracos e/ou ressaltos que podem provocar acidentes", atesta o documento.

O laudo observa ainda que o trecho da ciclovia que desabou não foi elevado pela onda em altura crítica, mas que teria ocorrido um afundamento e distanciamento das bandejas, "reforçando a tese de que o pilar central trabalhou deslocando as bandejas para fora do apoio".

"A Ciclovia Tim Maia tem estabilidade notável, porém, pendente de reparos e adaptações preventivas para atingir um nível de segurança de liberação ao público", ressalta o documento.

O laudo, assinado também pelo engenheiro civil Wantuil de Castro Junior, explica que, em cumprimento a lei estadual 6400 de 05 de Março de 2013, Decreto 37.426/13 e lei complementar 126/13, "todos somos responsáveis e as denúncias podem ser apresentada por Pessoas Físicas ou Jurídicas de direito público ou privado, Entidades de Classe ou por Instituições de Ensino, executar a autovistoria do empreendimento gerando um laudo de possíveis inconformidades apontando possíveis reparos necessários a garantir a estabilidade e segurança do empreendimento e da população."

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