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Trem passa por cima de corpo na estação de Madureira, no Rio

É a naturalização da morte, diz representante da OAB

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Um trem passou por cima do corpo de um homem que havia sido atropelado por outra composição e estava estendido nos trilhos. Imagens mostram o momento em que o condutor, auxiliado por pelo menos outros dois funcionários que estão ao lado dos trilhos, passa pelo corpo na estação de Madureira, Zona Norte do Rio de Janeiro, na última terça-feira (28).

Há outras pessoas próximas aos trilhos, e os funcionários da empresa SuperVia, concessionária que administra o sistema, acenam para que o maquinista avance sobre o corpo. No dia do acidente, a empresa disse em nota que por volta das 17 horas agentes acionaram os Bombeiros para atender um homem que acessou a via irregularmente e foi atingido por um trem. A vítima é Adílio Cabral dos Santos, que havia pulado o muro e invadido o local dos trilhos. 

Segundo os Bombeiros, não foi feito chamado em relação à ocorrência e houve apenas um aviso, por volta das 19h15, para atender uma ocorrência de trauma não relacionada à morte, e que apenas durante o atendimento a equipe foi informada por funcionários que havia um corpo na linha férrea. 

A Polícia Civil e a Agetransp, agência reguladora que fiscaliza os transportes no Rio de Janeiro, abriram investigação para apurar as responsabilidades.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcelo Chalréo, ficou chocado com as imagens: "É a naturalização da morte, do desprezo ao corpo. Foi uma atitude bárbara. Poderíamos estar diante de um homicídio, de alguém que tenha sido jogado sobre o muro para ser atropelado. Passar por cima do corpo sem perícia? Funcionários, sejam terceirizados ou não, precisam ser bem treinados, bem orientados", disse.

Já o secretário estadual de Transporte, Carlos Roberto Osorio, qualificou o caso como desumano.

Em nota, a SuperVia lamenta e diz que está investigando o fato, "resultante de um procedimento totalmente fora dos padrões operacionais da empresa".

"O aparecimento de um corpo na linha, entre os trilhos, obrigou a SuperVia a interromper o tráfego de trens naquele trecho e acionar as autoridades competentes (Corpo de Bombeiros e Polícia Civil) para os procedimentos legais, o que foi feito. A SuperVia reforça que sua área de segurança não tem poder de polícia. A empresa lamenta a perda de mais uma vida por invasão dos trilhos", diz nota da concessionária.