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Reforma de sistema dos bondes de Santa Teresa ainda apresenta problemas

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As obras para entrega do novo bonde de Santa Teresa, tradicional bairro na zona central do Rio de Janeiro, foram objeto de debate hoje (18) na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A reunião foi pedida pela associação de moradores, que reclamou de problemas no projeto e na execução das obras. A reforma teve início em novembro de 2013 e, na época, o governo estadual prometeu entregar o novo sistema pronto até a Copa do Mundo de 2014. Devido a atrasos e falhas operacionais na execução dos trabalhos, a empresa concessionária responsável pelas obras, Elmo Azvi, recebeu este ano duas multas que, somadas, chegam a R$ 1,35 milhão.

Além das multas, a Secretaria Estadual de Transportes do Rio determinou reparos no trecho entre o Largo da Carioca e o Largo do Curvelo, e na Rua Franscisco Muratori, depois de testes que identificaram problemas para a operação de um dos tipos de freio. De acordo com a secretaria, os técnicos identificaram que a colocação dos paralelepípedos poderia impedir o funcionamento dos freios.

O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, explicou que, devido aos problemas encontrados, não é possível estabelecer prazo para a entrega do novo sistema de bondes. Ele disse ainda que vai estabelecer metas para o avanço das obras ao consórcio Elmo Azvi e, caso elas não sejam cumpridas, existe a possibilidade de rompimento do contrato com a empresa. "Não existe segundo colocado no processo de licitação que deu a concessão das obras à Elmo Azvi. Então, teríamos que fazer novo [certame], e isso levaria tempo. Não gostaríamos de precisar fazer isso, mas se a empresa não atender as nossas exigências, poderemos pedir o rompimento do contrato na Justiça", disse.

Ainda de acordo com o secretário, as metas consistem em chegar, na primeira quinzena de julho, com a obra até o Largo dos Guimarães finalizada, com os trilhos assentados, além da conclusão do trecho em frente ao Hotel Santa Teresa e a finalização adequada do trajeto Carioca-Curvelo, fazendo o retrabalho e corrigindo os problemas das obras no trecho.

Na audiência pública, os moradores de Santa Teresa se mostraram preocupados com a tecnologia utilizada na restauração do sistema de bondes. De acordo com a Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), o projeto escolhido não leva em consideração as condições geológicas do bairro. A produtora cultural Claudia Schuch acredita que faltou estudo integrado. "Eu não confio nessa tecnologia escolhida. O consórcio está impermeabilizando o solo com a forma utilizada de colocar os trilhos, em laje de concreto, além de trocar trechos em paralelepípedo por asfalto. Essas mudanças podem ser a causa de futuros alagamentos em bairros próximos, como a Lapa", disse ela.

Entre as exigências da Amast para resolver o problema está a formação de um grupo de engenheiros de reconhecida credibilidade e experiência em engenharia de bondes, cujos nomes devem ser aprovados pela associação, para avaliar a tecnologia de assentamento dos trilhos em laje de concreto e, se for necessário, a elaboração de proposta de tecnologia alternativa.

Os moradores pedem também a avaliação da comissão de prevenção de riscos do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) e do Grupo de Apoio Técnico Especializado do Ministério Público Estadual sobre os riscos decorrentes da impermeabilização do solo, além de posicionamento da concessionária Rio-Águas sobre o estado da rede de drenagem de águas pluviais do bairro. A Amast exige ainda a recolocação dos paralelepípedos substituídos por asfalto na Rua Almirante Alexandrino, entre o Largo dos Guimarães e a Praça Odilo Costa Neto.

Quanto à segurança dos bondes, os moradores pedem a garantia de que os novos bondes só serão definitivamente aprovados depois de serem testados na totalidade dos trajetos que deverão percorrer e após publicação de relatório completo sobre os resultados dos testes.

No fim da audiência, o secretário Osorio concordou com a criação de um grupo envolvendo os órgãos envolvidos na questão das obras para discutir as reclamações e os pedidos dos moradores, além das mudanças que poderão ser realizadas. Comprometeu-se também em garantir a segurança dos usuários do novo sistema.

Os bondes de Santa Teresa deixaram de circular em 2011, após o acidente com um dos coletivos, que tombou no declive de uma das principais ruas do bairro. A tragédia ocorreu devido a uma falha no freio, deixando seis mortos e 57 feridos. O governo então decidiu paralisar temporariamente a circulação dos bondes até que seu sistema fosse modernizado.