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Corpo do general Leônidas Pires Gonçalves é velado no Rio

Cerimônia no Palácio Duque de Caxias teve honras militares

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O corpo do general Leônidas Pires Gonçalves, ministro do Exército durante o governo de José Sarney (1985-1990) foi velado na manhã deste sábado no Palácio Duque de Caxias. A cerimônia, com honras militares, teve a presença de familiares, amigos e políticos como o ex-presidente Sarney, o ex-governador do Rio de Janeiro Moreira Franco, e o deputado federal Jair Bolsonaro. 

Cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras de Resende, trajando uniformes históricos e a réplica do sabre de Duque de Caxias, carregaram o caixão até um veículo blindado, que desfilou em frente ao palácio. 

O general de Exército José Carlos De Nardi representou o ministro da Defesa, Jaques Wagner, e falou sobre a importância de Leônidas Pires Gonçalves. "É um momento muito triste particularmente para o Exército com a morte desse grande homem que foi o nosso ministro Leônidas". De Nardi destacou o papel de Leônidas na transição democrática no Brasil: "Ele manteve a dignidade das Forças Armadas. E por isso é considerado um dos generais mais importantes do Exército brasileiro, e eu diria até das Forças Armadas".

O general e comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, também lembrou Leônidas Pires Gonçalves: "O general Leonidas foi um protagonista importante da história do Exército e do Brasil na segunda metade do século passado. A obra dele é grande pela visão estratégica que ele tinha. Ele nos anos 80, quando ministro, fez profundas modificações de modernização e até mesmo de transformação do Exército. A gente colhe os benefícios de muitas delas até hoje", disse Villas Bôas.

"Ele foi o primeiro ministro no final do governo militar, foi fiador daquela transição. Por isso o país deve muito à obra dele. Sempre foi uma referência muito grande para nós, militares. Vai fazer uma falta muito grande", concluiu.

O ex-presidente José Sarney discursou durante a cerimônia: "Fica a minha saudade profunda porque desaparece um dos grandes homens. Fica o exemplo extraordinário a todos os seus companheiros, ao Exército Nacional, do que foi o trabalho, do que foi a presença, o espírito publico do general Leônidas Pires Gonçalves”.

Ele recordou um momento histórico em que o general teve papel fundamental: "Antes da posse de Tancredo Neves, foi ele que, com seu conhecimento do Brasil e da situação, advertiu que precisávamos estar preparados e fazermos com que não tivéssemos nenhuma surpresa no processo de transição que ele sabia que era difícil. E assim articulou com alguns de seus companheiros as condições para que naquela noite do dia 15 de março de 1985, nós realmente pudéssemos ter uma transição tranquila e pacífica".

"Recordo que eu mesmo, como um dos protagonistas naquele momento, me recusava a tomar posse se não fosse juntamente com Tancredo. E foi dele que ouvi que não podíamos mais criar problemas quando tínhamos tantos problemas. E terminou sua argumentação com uma palavra: 'Boa noite, presidente'”.

O ex-presidente se despediu do general e amigo: “Leônidas deixa para todos nós uma lembrança, uma saudade, um vácuo que nunca será preenchido. Leônidas, do seu amigo José Sarney: Adeus."

Miguel Coelho Neto Pires Gonçalves, filho do general, também discursou: "Como chefe de família, um exemplo tanto nos valores quanto nas atitudes. Como profissional, um soldado por inteiro, que contou com uma qualidade imprescindível para exercer sua profissão que foi a vocação. E como cidadão, um brasileiro em tempo integral, que não mediu esforços para bem servir a nossa nação. Miguel Pires Gonçalves defendeu a memória de seu pai, que segundo ele, foi vítima de calunias: "Como cidadão, eu e nossa familia, mastigamos certas imposturas politicas e ideológicas que tentam transformar fatos inverídicos em verdades históricas, caluniando pessoas. Mas que tenho certeza, o tempo irá corrigir. Para nós foi uma honra e uma alegria conviver com ele".

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