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Ato político-cultural no Dia do Trabalho tem samba, fantasias e reivindicações no Rio

Canaval fora de época com teor político marca o feriado de 1º de maio na Lapa

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À primeira vista, quem passasse pelos Arcos da Lapa, no Centro do Rio, na tarde desta sexta-feira (1), poderia pensar que estava sendo realizado um Carnaval fora de época com direito a samba, vendedores ambulantes e pessoas fantasiadas, não fosse pelas bandeiras de movimentos sindicais e pelos discursos politizados intercalando as apresentações musicais. Este foi o clima que reuniu cerca de 2 mil pessoas, segundo os organizadores, no ato unificado em defesa dos direitos, da democracia e do combate à corrupção, organizado por diversas centrais sindicais e movimentos sociais. 

O foco do "ato político-cultural" é a luta contra o PL 4330, conhecido como Lei das Terceirizações, que foi aprovada na Câmara e agora segue para o Senado. O projeto foi amplamente criticado pelos locutores do evento, que começou às 15h30 com apresentação dos Acadêmicos do Dendê, que tocaram clássicos do samba nacional. 

>> Protestos no Dia do Trabalho em SP opõem lideranças em relação à Lei da Terceirização

No meio do público era possível ver pessoas em clima de descontração usando fantasias, sempre com teor político. Referências a Getúlio Vargas, o criador da CLT, críticas aos Estados Unidos e até um caixão com o símbolo da Rede Globo foi visto entre os ocupantes da praça. Nos discursos realizados por membros de seções sindicais, solidariedade aos professores em greve no Paraná e palavras de apoio à Petrobras e ao Pré-sal, além de referências a Inês Etienne Romeu, até então a única sobrevivente da Casa da Morte de Petrópolis, centro de tortura dos presos pela Ditadura Militar no Brasil, que faleceu na última segunda-feira (27). 

Este primeiro de Maio também serviu como importante movimento de luta contra as políticas que retiram direitos dos trabalhadores, segundo os panfletos entregues no evento. "O ato político-cultural desta sexta-feira aponta a emergência da Reforma Agrária e Urbana, pelo direito à terra para quem nela quer trabalhar e produzir", informaram os organizadores do ato. 

Cerca de 60 policiais militares faziam a segurança do local, segundo informou o capitão Hudson. O agente preferiu não fazer uma estimativa do público presente, que se misturou a moradores de rua e vendedores ambulantes, que ofereciam bebidas, pipoca e até livros aos presentes. 

No palco, além dos discursos e apresentações musicais, houve pequenas encenações teatrais criticando as "políticas imperialistas dos Estados Unidos" e relembrando as "conquistas de Getúlio Vargas aos trabalhadores". A Revolta de Haymarket, que deixou trabalhadores mortos em Chicago em 4 de maio de 1886 e é considerada uma das origens do feriado também ganhou destaque, assim como a Operação Zelotes, que deflagrou sonegações de impostos de grandes empresas brasileiras e do exterior. 

O ato unificado foi organizado por centrais sindicais, movimentos e partidos como a CUT-RJ, CTB, CSP-Conlutas, Intersindical, Unidade Classista, SSB, MST, MTST, FIST, CMP, UNE, UEE, ANEL, Famerj, Faperj, PT, PCdoB, PSOL, PCB, PSTU, PSB, PCR, com apoio da Sindipetro-RJ, FNP, FUP, e Andes-SN

*Do programa de estágio do JB