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Obras do Metrô no Leblon levam lojas para o buraco

Comerciantes reclamam da queda brusca nas vendas. Muitos empreendimentos estão sendo fechados

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As obras da Linha 4 do Metrô - tocadas pelo consórcio que reúne a Odebrecht Infraestrutura, a Carioca Engenharia e a Queiroz Galvão - têm levado as lojas ao redor, no Leblon e em Ipanema, zona sul do Rio, literalmente para o buraco. Comerciantes reclamam do atraso das obras e que estão com sérias dificuldades para manter as vendas. Tapumes encobrem fachadas, dificultam a circulação de pedestres, e consequentemente de clientes, impactando diretamente nas vendas.

A comerciante Elizabeth Barreira Vasco da Silva disse que na sua loja, a queda começou em novembro de 2012, quando as obras na rua Ataulfo de Paiva começaram. "Próximo ao Natal a rua ficou fechada e nós já perdemos ali em relação ao ano anterior cerca de 8%. Em 2013 nós tivemos uma queda de 10% e, em 2014, em vez de crescermos nós perdemos outros 10% do nosso lucro", contou.

Ao redor dos tapumes que cercam a obra, a quantidade de pessoas passando pelas ruas é bem reduzida. Mesmo em horário comercial, os lojistas reclamam da falta de acesso do público e da pouca visibilidade que estão tendo. O vigia Raul Lopes, que trabalha próximo ao local das obras, disse que ele tem visto lojas fechando onde ele trabalha. Para ele, "é notório que houve uma queda de pessoas por aqui. Há também a questão do trânsito, porque era um fluxo que aumentava, mas agora não passa mais ninguém aqui. Acredito que deva ter caído cerca de 50% dos que passavam por aqui antes."

A vendedora Maria de Fátima Abreu confirma que seu rendimento e de suas colegas de trabalho em uma loja de roupa que fica na frente às obras caiu muito. "Antes havia acessos, mas agora com a rua bloqueada fica difícil. As vendas caíram cerca de 40%. Depois que abriu um pedaço da rua melhorou só um pouquinho, mas ainda está muito difícil. Nós vimos nossas amigas de outras lojas do outro lado da rua sendo mandadas embora e as lojas fechando por falta de cliente", apontou Maria.

O gerente Ricardo Nascimento Silva contou que a queda dos clientes se deu muito por causa dos reflexos da obra, a falta de iluminação, buracos na calçada e falta de locais para estacionar os carros. "Como fechou a rua, muitos clientes antigos acham que não tem mais acesso, não tem policiamento, são uma série de dificuldades que temos aqui". Ele acrescentou informando que a queda de rendimento da loja foi de 30 a 40%. "Nossa aposta aqui é no término das obras para melhorar o fluxo das pessoas."

Alguns lojistas têm ido atrás de soluções paliativas para evitar o fechamento das lojas e tentar remediar o prejuízo causado pelas obras. A lojista Elizabeth Barreira Vasco da Silva contou que a solução que encontrou para entregar os itens vendidos na sua loja é a entrega em domicílio. "Mas mesmo com essas nossas medidas, não temos conseguido manter o número crescente como antes", disse. O lojista André Nocchi Boardman contou também que tem investido em divulgação através das redes sociais da sua loja para que não haja prejuízo. "Nós estamos investindo mais em assessoria de imprensa para tentar ganhar a visibilidade que estamos perdendo aqui por conta de toda essa obra." 

A moradora do bairro, Raquel Saraceni disse que as obras têm causado muitos transtornos diários para quem vive ali: trânsito, calçadas bloqueadas pelos tapumes, ruas sem saída que incomodam e atrapalham o dia a dia. "Fica difícil às vezes acessar as lojas. Elas estão sendo prejudicadas com isso. Há muito pouco movimento, as pessoas estão passando por outros lugares. E às vezes a gente prefere comprar mesmo em outros lugar do que aqui porque é mais fácil ir no shopping sem esse transtorno", contou Raquel.

Ao longo da rua Visconde de Pirajá em Ipanema também é possível ver algumas lojas fechadas e com placas de aluguel. A situação mais crítica, no entanto, é ao redor das obras do metrô, onde diversas lojas estão fechadas com placas de vende-se ou aluga-se. 

* do Projeto de estágio do JB