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Vila do Pan: “Nos venderam um sonho e entregaram o pesadelo”

Chão cedendo, crateras enormes na rua e tubulação de água e gás expostas são alguns dos problemas

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Inaugurada para receber os atletas durante a realização dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007, a Vila do Pan, como ficou conhecida a área com os condomínios que serviram de moradia para os que vieram competir, está pedindo socorro. Menos de dez anos após a inauguração, os problemas estruturais chamam a atenção. Chão cedendo, crateras enormes abertas no meio da rua, grades de seguranças caindo são apenas alguns dos problemas das pessoas que vivem no local.

Ao todo, são cerca de 5 mil moradores que convivem diariamente com o risco de verem seus apartamentos desabando. Na tarde desta sexta-feira (3), a reportagem do Jornal do Brasil esteve no local e conversou com os moradores para saber como está a situação do local, que deveria ser um dos legados dos jogos Pan-Americanos.

O corretor de turismo Alan Miranda mora na Vila há cinco anos e lamentou o fato de a situação chegar a esse ponto. Segundo ele, na hora da venda foi oferecido um sonho,  mas após receber as chaves, percebeu que acabou comprando o pesadelo.

“A realidade é que nos foi vendido um sonho e entregue um pesadelo. A situação, como você pode ver, é realmente preocupante. Já existem dois trechos interditados devido ao fato de o chão ter cedido. Essa interdição faz com que os moradores tenham que dar a volta e entrar nas suas garagens pela saída. A nossa esperança é que isso seja arrumado antes de acontecer os Jogos Olímpicos, que é quando a imprensa mundial provavelmente estará de olho nisso. Se isso não acontecer, só Deus sabe quando, ou se vai acontecer”, comentou Alan.

Mesmo sem entrar nos prédios é possível ver ruas cedendo, enormes crateras nas ruas, grades de proteção caindo, rachaduras nas estruturas, além de tubulações de esgoto e gás ao ar livre. A situação é alarmante. O responsável por um dos condomínios, Marcos Pedroso, 46, comentou que já foram feitas duas obras para consertar o problema, mas que nenhuma deu resultado. Ainda segundo ele, a prefeitura já abriu licitação para uma terceira obra, que seria orçada em R$ 98 milhões, e deveria ter iniciado em dezembro do último ano.

“Já foram feitas duas obras no local para consertar essa situação. Acabam as obras, passam seis meses e o chão volta a ceder. Será que eles sabem mesmo o que estão fazendo? Essa terceira obra, anunciada para começar no último mês de dezembro, foi orçada em R$ 98 milhões, e deveria ser definitiva, mas ainda não teve nem início”, lamentou Pedroso.

Alan Miranda disse o maior problema está na parte externas, nas ruas do condomínio.

“Do portão para dentro a situação nos preocupa, claro, mas é absolutamente melhor. Em minha opinião isso acontece porque a parte de dentro é feita pela construtora, já a parte de fora é de responsabilidade do poder público. Nosso medo é que daqui a cinco, dez anos, algum prédio caia, pois o chão aqui do lado de fora está cedendo e em algum momento vai chegar lá dentro”, explicou o corretor de turismo.

Durante a conversa com os moradores, Marcelo Carneiro, morador da Vila do Pan há três anos e meio, comentou que as autoridades dizem que isso acontece devido ao tipo de solo da região, mas lembrou de obras feitas em solos parecidos que estão em perfeito estado.

“A prefeitura sempre fala que isso acontece poeque o solo é úmido, local de mangue, mas no Riocentro, que tem o mesmo tipo de solo, isso não acontece. Na HSBC Arena, também não. Tudo é uma questão de boa vontade de quem tem a responsabilidade”, criticou Carneiro.

*Do projeto de estágio do JB