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Complexo do Alemão tem primeiro fim de semana do ano com tiroteio e às escuras

Moradores do conjunto de favelas estão sofrendo com a falta de energia elétrica, além dos tiroteios

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O primeiro fim de semana de 2015 no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi de confronto entre criminosos e policiais do Bope - Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar - e falta de energia elétrica. Desde as primeiras horas deste sábado (3/1), os moradores vivem em clima de tensão, após um intenso tiroteio na Avenida Itararé, principal via de acesso à comunidade. Depois disso, a população passou a sofrer com a falta de luz, que não havia sido restabelecida completamente na manhã deste domingo (4).

Por volta das 13h, uma equipe da Light estava realizando reparos na Avenida Joaquim de Queiroz. Após isso, alguns moradores e a maior parte do comércio local tiveram o fornecimento normalizado. No entanto, outras áreas ainda continuam com o problema. 

Segundo moradores, várias reclamações já foram feitas à Light. As localidades conhecidas como Grota e Alvorada foram as mais atingidas com a queda de energia elétrica. No entanto, diversos pontos do Complexo do Alemão também passaram a madrugada às escuras. Apesar dos constantes tiros, algumas pessoas arriscaram dormir nas varandas de suas casas, de acordo com relato de moradores. 

O morador e editor do Jornal Voz da Comunidade, Renê Silva, contou que recebeu na sua redação, que tem base no Complexo do Alemão, diversas mensagens de comerciantes, reclamando da falta de luz. Renê disse que na Avenida Joaquim de Queiroz, onde tem a maior concentração do comércio na região, algumas pizzarias e casas especializadas em comida japonesa perderam alimentos que estavam na geladeira. "E os clientes, claro, estão indo comer em outros bairros próximos", acrescentou. 

A líder comunitária Renata Trajano, afirma que alguns pontos da comunidade já estavam sem luz desde a última sexta-feira (2/1). A Avenida Joaquim de Queiroz, de acordo com Renata, é um desses pontos mais prejudicados e os comerciantes da região estão amargando um enorme prejuízo. "Mas, o que consideramos mais grave, são as pessoas doentes, que precisam usar aparelhos. Já telefonamos inúmeras vezes para a Light, eles prometem que vão fazer o reparo e assim estamos há dois dias, promessas não cumpridas", disse. 

Na tarde deste domingo (4), moradores das áreas mais afetadas iam se reunir para tentar uma solução "de emergência". "Vamos reclamar com a companhia de forma coletiva. Eles não podem justificar que temos áreas de risco, porque em outros momentos eles entraram para executar serviços. Por que agora eles não querem mais entrar na comunidade?", questionou a líder comunitária. 

Pelas redes sociais, moradores da comunidade e o próprio Voz da Comunidade, através do seu perfil no Twitter, relatava a falta de luz e tiroteios constantes. Já a Light, informava aos clientes no seu perfil do Twitter que estava ciente do problema no Alemão. 

No início da tarde deste domingo (4), a assessoria de imprensa da companhia informou que técnicos normalizaram o fornecimento de energia na Comunidade Nova Brasília. "Por conta do tiroteio na noite de ontem [sábado], equipamentos foram danificados. Transformadores, redes e cabos foram trocados e parte da rede atingida pelos tiros foi reconstruída. A companhia informa ainda que equipes foram orientadas a não entrarem ontem no local, por questões de segurança", diz a nota emitida pela Light. 

Sábado de confronto entre policiais e criminosos

Desde as primeiras horas deste sábado (3) até a madrugada de domingo, moradores afirmam ter ouvido tiros. Na parte da manhã, policiais do Bope estiveram na comunidade e tiros atingiram um transformador de luz na Nova Brasília. Ainda na mesma manhã, agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Complexo do Alemão realizavam patrulhamento de rotina quando um grupo de bandidos armados entrou em confronto com os policiais, no Largo do Bulufa, na Grota. 

Em função da operação policial, a Light alegou que não podia resolver o problema da falta de luz. A companhia afirmou ter enviado equipes para a comunidade, mas os funcionários não tiveram acesso aos transformadores dentro do Complexo. Na Grota, cabos de luz foram parar no chão. 

Pelas redes sociais, moradores afirmam que os tiros que atingiram os transformadores partiram dos PMs, outros internautas dizem o contrário, que os responsáveis pelos disparos são criminosos da região.