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Moradores do Leme marcam protesto contra teleférico

Projeto de bondinho ligando forte à Urca gera polêmica e críticas

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Inconformados com o projeto que prevê a instalação de uma terceira linha do bondinho do Pão de Açúcar, que ligaria o Forte Duque de Caxias (Leme) ao morro da Urca, moradores do Leme e adjacências preparam um protesto para a próxima semana. A instalação dessa linha traria fortes danos ambientais, além de impactos sobre o estilo de vida e segurança dos moradores do bairro da Zona Sul.

Na manhã da última quinta-feira (4), integrantes do movimento “Salvem o Leme” receberam um ofício do Exército Brasileiro, no qual as Forças Armadas se declaram neutros em relação à instalação do teleférico. Devido a essa neutralidade, uma manifestação foi marcada para a manhã de domingo, dia 14, em frente ao Forte Duque de Caxias, com a intenção de pressionar o Exército a se posicionar a favor da população local.

Uma das líderes do movimento, Patrícia Rocha, conversou com o Jornal do Brasil e deixou claro que quer o apoio das Forças Armadas.

“O Exército nos mandou um ofício dizendo que era neutro em relação à instalação do bondinho. Então convocamos uma reunião com os moradores para pressionar o Exército a se posicionar, afinal de contas o local é um forte e faz parte da história das Forças Armadas. Um protesto vai acontecer na manhã de domingo, dia 14, em frente ao Forte Duque de Caxias”, comentou Patrícia, convocando a população a participar do ato.

O morador Paulo Oliveira, 53, reforça o apelo, e diz que além dos danos ambientais, a instalação do teleférico traria aproximadamente 7 mil pessoas por dia à região, e isso afetaria diretamente a segurança da população local.

“A população do Leme e dos outros lugares que estão nesta luta conosco, não aceita e nem pode aceitar a instalação. Imagine sete mil pessoas por dia em um local como esse. Não existe estrutura para isso, a polícia quase não consegue dar conta da segurança do jeito que esta”, disse Oliveira.

O comerciante local Mauro Aguiar, 48, comenta que já existe um bondinho para levar turistas e moradores para ver a vista bela vista da cidade, além de ser possível chegar ao local que seria instalada a estação através de trilhas.

“Um bondinho atende às necessidades turísticas da população, a instalação de outro seria uma agressão à natureza. Um verdadeiro absurdo. Além disso, é possível chegar ao local onde seria construída a estação através de uma linda trilha, em meio a natureza, e que não traz danos nenhum ao meio ambiente, além de fazer bem à saúde”, lembrou Mauro.

Ao ser questionada sobre os danos ambientais que a instalação do teleférico traria ao local, Patrícia Rocha foi direta ao dizer que o local ficaria caótico como o Pão de Açúcar.

“Em relação aos danos ambientais é só comparar com a estrutura do bondinho do Pão de Açúcar, ver o que acontece no local. Vai ter corte de vegetação, despejo de esgoto, o escorrimento da graxa das máquinas do teleférico, além de todo o lixo que os turistas jogam. Além de tudo, ali é um sítio histórico. O forte é tombado pelo Conselho Municipal do Patrimônio e o Morro do Leme foi uma das paisagens que deu à cidade o título da Unesco de Patrimônio Mundial, e que por isso, não pode ter alteração", encerrou Patrícia.

O vereador Paulo Messina (SDD) homologou o projeto de lei 41/2013 que pretende impedir a instalação dessa linha do teleférico, alegando que o parecer do Conselho Gestor das Áreas de Proteção Ambiental foi claro em relação ao impacto que a instalação trará sobre o ecossistema do local. O projeto foi apresentado em maio de 2013 e ainda não tem previsão de ir para votação.

"Trata-se de área de preservação ambiental, e a obra pode acarretar derramamento de graxa da lubrificação dos cabos e despejo de esgoto na baía, como já acontece no Pão de Açúcar, sem contar a poluição visual e sonora prováveis. Em seu parecer, o Conselho Gestor das APAs foi claro a respeito do impacto ambiental causado pela construção de estações de teleférico no topo do Morro do Leme sobre o ecossistema das áreas abrangidas pelo Projeto de Reflorestamento e Conservação Ambiental, que vem sendo desenvolvido no local desde 1987”, explicou o vereador.

Marcos Paulo Cardoso mora no Leme há 58 anos, e faz um apelo para o prefeito Eduardo Paes ficar do lado da população.

“Tenho certeza que o senhor prefeito vai usar a sua sensibilidade ecológica e se posicionar contra o projeto", opinou Cardoso.

Na página do movimento ‘Salvem o Leme’ no Facebook existe um abaixo assinado virtual para os internautas dispostos a ajudar a causa. Veja aqui.