ASSINE
search button

Accioly não engrena investigação de jornais apócrifos e pode ser penalizado

Empresário recebeu multa por estacionar em local proibido e dirigir sem habilitação

Compartilhar

Uma semana após o escândalo protagonizado pelo empresário Alexandre Accioly na 14a. Delegacia de Polícia (Leblon), na Zona Sul do Rio de Janeiro, que acusou uma mulher na quinta-feira passada (23/10) de distribuir material apócrifo contra o candidato tucano à Presidência, Aécio Neves - de quem é amigo pessoal e padrinho dos seus filhos - as denúncias não foram comprovadas e muito menos chegaram ao Tribunal Regional Eleitoral, como havia ameaçado a equipe jurídica do candidato do PSDB. Accioly, amparado por advogados do PSDB, não conseguiu concretizar o registro na Polícia Civil, já que se tratava de um suposto crime eleitoral.

No entanto, Accioly pode ter caído no dito popular: "o feitiço virou contra o feiticeiro". Além de não conseguir fazer o registro na Civil, o empresário pode ser penalizado por estar dirigindo sem carteira de habilitação e por estacionar a sua moto em local proibido. O delegado que estava de plantão no dia da confusão, Bruno Oliveira Reis, contou que o Policial Militar que foi chamado pelo empresário para conduzir a mulher até a delegacia, resolveu multar Accioly, porque ele parou a sua moto em cima de uma calçada e também estava sem a carteira de habilitação. "O Accioly pediu para fazer, então, um registro de ocorrência contra o PM, alegando que a multa foi indevida e ele apresentou a carteira de identidade. Ele [empresário] disse que prefere ficar com um documento, caso o Detran cobre essa multa, pretende recorrer", disse o delegado. 

A delegada titular da 14.DP, Monique Vidal, esclareceu que a ocorrência não foi realizada por se tratar de uma denúncia de crime eleitoral, ou seja, fora da atribuição da Polícia Civil. "O empresário foi devidamente informado pela nossa equipe que a sua denúncia compete à esfera federal e não pode ser recebida por uma delegacia, por questões administrativas. Depois disso ele saiu daqui dizendo, inclusive, que foi bem recebido e agradeceu as orientações", afirmou a delegada.

Segundo o delegado Reis, Accioly chegou à delegacia reclamando que pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores estavam distribuindo um jornal, cujo conteúdo não era verdadeiro. A intenção de Accioly era registrar um boletim de ocorrência contra uma mulher que ele havia filmado entregando na rua os folhetos e havia sido levada até a DP por PMs, a pedido do empresário. "Explicamos ao denunciante que o caso não era do âmbito da Civil e, também, não era dia de eleição, não podendo ser o fato caracterizado como 'boca de urna'. Orientei a ele e aos advogados, informalmente, a procurar a Polícia Federal ou a Justiça Eleitoral, pois o suposto crime relatado por ele é de natureza eleitoral", contou o delegado. De acordo com Reis, os advogados que acompanhavam Accioly comentaram que também representam o PSDB. 

A delegada Vidal, considerada na Civil como 'linha dura nas investigações', salientou que, mesmo sendo da esfera federal, os relatos do empresário ainda precisam de uma apuração, já que não foram apresentadas provas de irregularidades no material e apenas interpretações de que o conteúdo pode ser apócrifo. 

Alexandre Accioly, na quinta-feira passada (23), viu algumas pessoas distribuindo um jornal com o título "Aécio é inimigo do Rio", e acusou o grupo de pertencer à CUT. O empresário começou, então, a filmar com o seu celular uma mulher distribuindo os folhetins e, no áudio, dava para ouvir Accioly perguntando quem havia pago a ela por aquele serviço. "Você que não é”, respondeu a mulher na filmagem. E ela complementa questionando se o empresário 'não tinha nada mais para fazer'.

A equipe jurídica da campanha de Aécio Neves foi procurada para comentar o caso, mas ninguém soube informar sobre os rumos da denúncia de Accioly. O Ministério Público Eleitoral confirmou a versão dada pela Polícia Civil, de que a denúncia de Accioly é de natureza eleitoral e só poderia ser acatada pela Justiça Eleitoral. Procurados pelo JB, o Tribunal Regional Federal e os Ministérios Públicos Estadual e Federal, negaram ter recebido qualquer demanda da equipe do PSDB com relação a esse caso.