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Candidato ao governo do Rio defende o fim das UPPs e propõe mudanças radicais

Ney Nunes (PCB) participou de sabatina no SBT e apresentou seus planos para os setores sociais

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O candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), Ney Nunes, defendeu mudanças radicias nas políticas públicas em entrevista realizada nesta quarta-feira (13/8) no SBT, no programa especial Eleições 2014, que também contou com a participação do Jornal do Brasil e O Dia. Nunes revelou seus planos para os diversos setores e afirmou ser a favor do fim das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas comunidades e também da legalização das drogas no Estado.

A divulgação da última pesquisa do Ibope para o governo do Estado do Rio aponta que Nunes não alcançou ainda nem 1% das intenções de votos dos eleitores. O candidato disse na entrevista que o resultado eleitoral é influenciado "de forma avassaladora" pelo poder econômico e para saber o que a população realmente está almejando tem que buscar outros meios além dos resultados divulgados. Como alternativa para governar com um grupo político pequeno, já que o partido não conseguiu representação na Câmara e na Assembleia, Nunes disse que sua gestão firmará parceria com entidades representativas de trabalhadores e associações de classe, o que ele apelidou de "governo democrático e popular".

Nunes criticou a quantidade de contratos terceirizados firmados pelo atual governo e disse que, se eleito, pretende cessar de imediato os acordos com as empresas privadas e iniciar o processo de estatização. Ele relembrou a década de 90, quando o governo quebrou os contratos do Estado voltados para o transporte público para entregar o setor à privatização. "Foi um grande golpe que aconteceu naquela época e queremos recuperar esses bens públicos, como barcas, metrô, trens, para que eles sirvam à população e não ao lucro", salientou o candidato. Nunes esclareceu que o termo "burguesia" tão utilizado no seu discurso e do seu partido, é referente aos grandes grupos empresarias que atualmente dominam as negociações que deveriam ser do Estado. Ele citou os valores destinados por algumas empresas às campanhas dos principais candidatos ao governo e questionou os motivos das doações.

Na área de Segurança Pública, Nunes é a favor da mudança do atual modelo, que tem como ponto forte as UPPs. "É inadmissível que se faça uma operação de guerra em áreas densamente povoadas. Estamos vendo diariamente na mídia pessoas sendo baleadas dentro das suas residências, balas colhendo crianças na cama. Será que essa custo vale a pena?", destacou o candidato. "Esse secretário de Segurança e seu governo são os culpados disso [aumento da criminalidade no Rio, de acordo com as últimas pesquisas], porque são responsáveis por essa política [das UPPs]. Toda a hora ele diz ai que há desvio de conduta [dos policias envolvidos em supostos crimes]. Mais sempre é desvio de conduta? Não será uma orientação equivocada dos comandos?", destacou Nunes, que aposta em meios tecnológicos para impedir a entrada das drogas nas fronteiras do estado e, dessa forma, combater o narcotráfico nas comunidades. 

O candidato do PCB lançou mãos dos números das últimas pesquisas divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para justificar os seus investimentos para a área da saúde. "O Rio é o segundo estado mais rico do país e é o que menos investe na saúde. Essa dado por si só é assustador. Esse investimento que já é baixíssimo ainda é feito pelas OSS sem qualquer critério. Todas as UPAS e hospitais da rede são geridos por essas OSs. Uma UPA custa R$ 3 milhões por mês ao estado, de um hospital, R$ 19 milhões. E como está a situação da saúde? O que estamos vivendo? Falta de macas, de leitos, demora para fazer um exame", enumerou o candidato, que tem a proposta de rever o orçamento público para priorizar o setor.

"Os serviços essenciais têm que ser geridos pelo estado e não por gananciosos, como as empresas. Isso não dá resultado, estamos vendo isso na prática, a população se depara com isso todos os dias", salientou o candidato sobre o processo de terceirização. No entanto, Nunes explica que a sua estratégia de rompimento radical com esse processo deve ser executada de forma gradual e com previsões no orçamento público. 

Com relação ao transporte público, Nunes acredita que a melhor solução para a atual conjuntura é o sistema sobre trilhos, como acontece em diversos outros países desenvolvidos. "Estamos com as nossas cidades entupidas de carros, pessoas presas em engarrafamentos monstros e pagando caro por isso. Esse modelo atual não deu certo", disse o candidato, que tem como proposta a ampliação da malha ferroviária e recuperação do transporte aquaviário. "Temos esse espelho d´água da Baía de Guanabara que pode interligar vários municípios do Rio", disse ele. Os custos das passagens também foi abordado pelo socialista. "Se o estado assumir as suas responsabilidades, lembrando que todas essas empresas eram públicas antes dos anos 90, a gente pode reduzir custo e até chegar a tarifa zero", destacou o candidato.

No roll das questões polêmicas, Nunes comentou sobre a legalização das drogas. Segundo ele, o seu partido acredita que o controle das drogas é o melhor caminho para o estado, em um momento que o uso de crack vem destruindo muitas famílias no Rio. "Seria um programa de controle da produção e distribuição sob supervisão médica. Nós já temos vários tipos de drogas legalizadas que são vendidas nas farmácias. Temos convicção que a política anti drogas é um fracasso em todos os sentidos", destacou o candidato, que defende a criação de um Centro Estadual de tratamento dos usuários. 

Sobre Educação, Nunes disse na sabatina que o seu partido é a favor do ensino integral nas escolas, assim como caminhava, mas de forma parcial, os Cieps. "A educação integral pode atrair a juventude para a unidade escolar. Temos conhecimento que a evasão escolar no Rio é alta no Rio, o que é muito grave. A população cresceu e o número de matrícula caiu. A precariedade na educação está levando a esses índices, a população está procurando alternativa no ensino particular", disse Nunes. O candidato pretende, se chegar ao governo do Estado, investir "pesado" na educação, melhorando os salários dos profissionais. "Quando o professor vai procurar os seus direitos, não encontra diálogo com o governo, que vira as costa. Então, são obrigados a fazer greve e são reprimidos", disse.