ASSINE
search button

Interdições e mudanças deixam trânsito complicado no Rio

A mudança nos pontos de ônibus confundiu pedestres e o trânsito piorou devido à chuva

Compartilhar

O trânsito ficou complicado no Rio de Janeiro na manhã desta segunda-feira, primeiro dia útil depois das interdições e mudanças na Zona Portuária. Para usuários do transporte público e motoristas, a manhã só foi tranquila até por volta das 6h. Mas quem saiu de casa depois desse horário, enfrentou congestionamentos, especialmente na saída da Avenida Brasil, próximo ao Into, na região Portuária, até o Centro. A lentidão teve reflexos na Linha Amarela, Ponte Rio-Niterói, Avenida Dom Hélder Câmara, Avenida Presidente Vargas, Túnel Santa Bárbara e até na Zona Sul.

Mesmo com a presença de vários guardas municipais, agentes da CET-Rio e funcionários distribuindo panfletos sobre as mudanças dos itinerários e pontos de parada dos ônibus, a confusão entre pedestres e motoristas era grande. Para Eliésio Lima, que trabalha na empresa Novo Rio Cop, essa situação não vai durar muito. “Hoje até que não está tão ruim porque tem fiscais por todo o lado. Mas isso aqui fica uma confusão normalmente. Táxis que não são de empresa, carros parando em qualquer lugar. Mas a gente sabe que não vai ser todo dia assim”, comenta ele, referindo-se a presença dos agentes de trânsito e lembrando que a Rodrigues Alves deve ficar fechada até o segundo semestre de 2015.

O presidente da empresa e taxista Marcos Bezerra rodava desde as 7h e viu reflexos em diversos lugares. “Normalmente levo 20 minutos até a Zona Sul, pelo túnel Santa Bárbara. Hoje levei 40 minutos. Para Bonsucesso, levo 25 minutos para ir e 25 minutos para voltar. Hoje, para ir estava tranquilo, mas para voltar demorei duas horas”, comenta ele.

O secretário municipal de Transporte, Alexandre Sansão, pediu para que a população desse preferência ao transporte público. A SuperVia e o MetrôRio operaram com frota máxima, mas, segundo Luís Rúbio, que pegou o metrô em Ipanema em direção ao Centro, os trens fizeram quatro paradas inesperadas nesse trajeto, onde o maquinista avisou somente que estava aguardando liberação da pista. “Aqui no Rio eu só uso transporte público. Estou indo para Nova Friburgo e o trânsito, tanto aqui quanto lá é a mesma coisa: horrível, caótico. Acho que é um problema da administração mesmo”.

Adriano Rangel abordou um dos guardas municipais para se informar sobre como voltar para casa. Ele veio de ônibus de Niterói, por volta das 10h, e disse não ter sofrido com o trânsito, já que saiu de casa depois da hora do rush. Ele, porém, estava preocupado com a volta e com os dias que sairá de casa de carro. “Para mim, especificamente, a mudança dos pontos foi positiva, porque tenho que andar menos. Mas continuo preferindo vir de carro porque é mais confortável. O trânsito sempre foi o caos e continua o caos. Desde que eu estou na escola fala-se que precisa de transporte sobre trilhos, mas continua-se investindo em transporte rodoviário, como o BRT. Do que adianta fechar uma pista e transformar ela em exclusiva para ônibus? Você diminui o tempo de locomoção, mas tem que ir em pé, sem conforto”, critica ele.

"Eu vi as grandes vias como a Linha Amarela e Vermelha serem construídas, mas elas só servem por cinco anos. Em pouco tempo, entopem de novo, porque somos patrocinados pelas empresas automobilísticas e tome carro na rua", completa ele. Para ele, a baixa qualidade do transporte público faz com que as pessoas continuem usando o carro. "Em países desenvolvidos a classe média não tem carro. Aqui, qualquer pessoa tem como sonho de consumo um carro", reflete. 

Um motorista da empresa Útil, que não quis se identificar, informou que, no sábado, quando a via foi fechada por volta das 6h, a situação estava muito mais complicada: “ficou tudo parado, porque ninguém sabia o que estava acontecendo. Demorou um tempo até normalizar. Hoje parece bem mais tranquilo”.

A engenheira de transporte da Coppe –UFRJ, Eva Vider, comentou que, pessoalmente, não pegou retenções e que a situação foi até “surpreendente”. “Acredito que as pessoas começaram a buscar uma alternativa para sua chegada ao Centro. O engarrafamento mais complicado de hoje, parecia devido a chuva”.

A Via Binário é uma avenida paralela à Rodrigues Alves e a que mais sofreu com o fechamento desta última. “O maior problema é realmente a redução da capacidade das vias. A Via Binário não tem capacidade de receber todo o trafego da Rodrigo Alves, mas todo mundo já sabia disso”, completa Eva.  Na rodoviária Novo Rio, as maiores dúvidas eram sobre os ônibus que iam para a Baixada, que tiveram os pontos mudados da Rodrigues Alves para a Via Binário e Rua Santo Cristo. "As pessoas estavam atordoadas, buscando seus pontos de ônibus", comenta Eva. 

O motorista de ônibus José Claudio da Silva Clemente, que sai da Novo Rio em direção à Zona Sul, disse que o trânsito foi normal, apesar de pegar a lentidão de sempre. “Da rodoviária em diante não teve alteração, mas quem vem da Baixada deve ter sentido diferença”, comentou o motorista. 

A situação mais complicada era para quem vinha da Zona Oeste e Zona Norte, na saída da Avenida Brasil, na altura do Into, próximo à entrada da Rodrigues Alves.