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Justiça nega habeas corpus de Ray Whelan

Tubarão da máfia dos ingressos está foragido

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O Plantão Judiciário do Rio de Janeiro negou na madrugada desta sexta-feira (11) o pedido de habeas corpus ao inglês Raymond Whelan, diretor da Match Hospitality, empresa parceira da Fifa. Ele é considerado foragido da Justiça desde a tarde desta quinta-feira (10), quando teve a sua prisão preventiva decretada.

Raymond Whelan é acusado de ligação com a máfia dos ingressos para a Copa do Mundo. As buscas pelo executivo por policiais da 18ª DP (Praça da Bandeira) começaram antes das 16h, mas ele não foi encontrado. A polícia chegou atrasada ao Copacabana Palace, onde ele estava hospedado. 

Segundo as primeiras informações, Ray teria saído pela porta dos fundos do hotel por volta das 15h, uma hora antes da chegada dos policiais. Dos 12 indiciados por integrar a quadrilha, o executivo inglês era um dos dois que estava em liberdade graças a um habeas corpus concedido terça-feira (8). O outro era o taxista Marcelo Pavão da Costa Carvalho, que se entregou à tarde à polícia.

Nesta quinta, a Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia do Ministério Público e determinou a prisão dos envolvidos na máfia dos ingressos, inclusive de Ray Whelan. A ordem de prisão foi emitida pela juíza Joana Cortes, do Juizado Especial do Torcedor. O único que não teve o pedido de prisão solicitada pelo Ministério Público foi o advogado José Massih, por ter colaborado com as investigações.

O inquérito da Operação Jules Rimet foi recebido na quarta-feira pelo Ministério Público. Doze presos, incluindo o CEO da Match Services, única autorizada pela Fifa para comercializar os tickets, Raymont Whelan, foram indiciados pelos crimes de cambismo e associação criminosa. Ontem, a polícia pediu a prisão preventiva dos detidos desde o início da operação no Rio de Janeiro e em São Paulo.

O Jornal do Brasil  vem acompanhando de perto o caso e publicou, em primeira mão, denúncias a respeito do esquema de venda irregular de ingressos para a Copa. Inclusive, o JB já alertava para os riscos de Ray fugir antes de ser preso. 

>> Os bastidores da Fifa nas vendas de ingressos para a Copa no mercado negro

O caso traz à tona outro, que ocorreu há dois meses e que até agora não teve desfecho: um sargento do Corpo de Bombeiros foi flagrado vendendo ingressos para a Copa mas, até agora, o inquérito está parado.

>> Cambista na Copa: dois meses depois, bombeiro ainda não foi julgado

Veja mais reportagens sobre o caso Match/Fifa:

>> Jennings sobre Ray Whelan, da Match: "Ele sabe de absolutamente tudo"

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>> Justiça nega habeas corpus a argelino Lamine Fofana

Nesta quarta (9), o JB publicou uma reportagem revelando o Relatório Anual e o Demonstrativo Financeiro da Match referente ao ano de 2012, onde é detalhado um empréstimo da Fifa à empresa no valor de US$ 10 milhões, para ser investido no serviço de hospitalidade na Copa do Mundo de 2014 no Brasil. O documento foi enviado pelo jornalista e escritor britânico Andrew Jennings. O empréstimo, detalhado na página 19 do relatório, no item "Valores a vencer após um ano", foi feito de forma generosa, sem cobrança de juros e com o prazo de pagamento total para janeiro de 2015.

O conteúdo do relatório da Match destaca que grupo atua como provedor de serviços e agente de vendas para o fornecimento de soluções para acomodação, ingressos, transporte e hospitalidade para "Titulares de Direitos" e "Comitês Organizadores" dos maiores eventos esportivos internacionais. No tópico "Revisão dos negócios", é esclarecido que o grupo, este ano operando sob contrato com a FIFA para o "Escritório de Acomodação da FIFA", o grupo, esteve diretamente envolvido nos eventos da FIFA sub-17 Copa do Mundo México 2011; FIFA sub-20 Copa do Mundo Colômbia 2011; Copa do Mundo feminina da FIFA 2011; Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2011; Copa do Mundo da FIFA 2014 Brasil (sorteio Preliminar); Congresso da FIFA 2011. Além desses trabalhos, o grupo ressalta que tem um contrato "de longo termo" com a Fifa por meio da subsidiária Match Services AG, para prover acomodação, ingressos e solução informática para a Copa do Mundo no Brasil, assim como aconteceu na Copa das Confederações, em 2013, também no país. O grupo também vendeu pacotes de viagem e acomodação para os jogos da "Ryder Cup" em 2012, no Medinah Country Club, em Illinois, nos Estados Unidos. E ainda tem um contrato com o Ryder Cup Europe LLP para estender as atividades do grupo para o novo ciclo de jogos até 2014. 

Ray Whelan foi libertado da 18a. DP (Praça da Bandeira) na última terça-feira (8), após pagar fiança de R$ 5 mil e por determinação de um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ). A prisão temporária de cinco dias foi expedida pelo Juizado Especial do Torcedor, mas a desembargadora Marília de Castro Neves Vieira, considerou a prisão ilegal, pois desobedeceu o princípio da proporcionalidade. A Justiça reteve o passaporte de Whelan. Em nota, a Match informou nesta quarta (9) que Whelan vai devolver a credencial da Fifa. 

O franco-argelino Mohamed Lamíne Fofana, acusado de chefiar a quadrilha e preso no dia 1º de julho, segue detido no Complexo Penitenciário de Bangu, junto com outros 10 membros da máfia dos ingressos. A Justiça negou o habeas corpus de Lamine Fofana, permitindo o pedido de prisão preventiva pela PC, já que o prazo de prisão temporário do suspeito encerra nesta quinta (10).