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Rocinha: comunidade de 200 mil moradores ganha creche para 150 crianças

Mães sofrem na fila para tentar fazer a inscrição dos filhos

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Não víamos tantas inaugurações nestes anos de Governo, como estamos assistindo nos últimos meses. A creche do PAC na Rocinha, que era promessa de 2010, foi inaugurada nesta quinta-feira apôs quatro anos de atraso. O prefeito e o governador do Rio estiveram presentes no evento que aconteceu pela manhã.

A creche tem padrão EDI e era um sonho dos moradores da maior favela da América Latina. No entanto, são 200 mil moradores para uma creche com capacidade para 150 crianças. As crianças vão ter que contar com a sorte para ter o direito à educação garantido. Mães chegaram às 4h na esperança de conseguirem uma oportunidade para seus filhos. Com a chegada do prefeito e do governador as mães foram convidadas a participar da inauguração dentro da creche, mas logo depois foram convidadas a se retirar e instruídas a aguardar até as 13h para iniciarem o processo de inscrição, ou seja, usaram o povo para fazer plateia e bater palmas e, em seguida,  expulsaram-no do local, e empurram-no para uma fila, em pé, no meio da calçada, onde estão dezenas de mães brigando por uma vaga, com seus filhos no colo esperando o atendimento.  

É inadmissível que crianças precisem contar com a sorte para estudar. Afinal, a escola se transformou em aposta lotérica?  A probabilidade da vaga é muito pequena, tendo em vista as filas que se formam na porta para inscrição das crianças. "Meu filho está há quatro anos esperando por uma vaga, e esse menor aqui está esperando há dois anos e não consegue estudar", desabafou uma mãe, com muita emoção e desesperanças em conseguir uma vaga para seus filhos estudarem.  

Na fila, a insatisfação era total. Todas reclamavam da desorganização do processo de inscrição e da não divulgação da inauguração.

A creche tão necessária para que nossas crianças possam ter um espaço de desenvolvimento e aprendizado digno e que era para estar pronta em 2010, agora, é inaugurada às vésperas da eleição.

É inadmissível que a educação seja usada como arma eleitoreira, ao invés de priorizar o direito à educação das crianças. Não podemos permitir que a educação para os moradores de favela seja sempre tratada com tamanho desrespeito. Vivemos em uma cidade que é cartão postal do Brasil mundo a fora, mas que esconde por trás das belas paisagens a desigualdade social e a falta de oportunidade e de inclusão dos excluídos e invisíveis da sociedade.  

Infelizmente, tenho que aceitar que as favelas só são vistas quando o assunto é violência, só assim que elas têm destaque. É lamentável um Governo priorizar a militarização e permitir que as crianças contem com a sorte para ter acesso a educação.