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Deputada Jandira Feghali denuncia milícia na convenção do PCdoB-RJ

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A deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ) declarou que nunca poderia imaginar que, depois de tantos anos de vida pública, pudesse assistir a uma arbitrariedade como a que aconteceu na convenção do partido. Ela chamou de "inverídica" a nota publicada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) nesta sexta-feira (27/6), afirmando que ela teria incitado militantes a hostilizar fiscais no lançamento da chapa Frente Popular, que aconteceu em uma casa de shows na Baixada Fluminense, na noite anterior. Feghali garante que uma investigação séria vai comprovar que os fiscais do TRE estavam acompanhados por "capangas" milicianos que deram início a um tumulto usando spray de pimenta e empurrando autoridades e correlegionários, objetivando impedir a realização da convenção da legenda.

>> TRE tenta impedir lançamento da Frente Popular do Rio de Janeiro

 Ao contrário do que destaca a nota do TRE, que considera a realização da convenção um ato ilegal por ser aberta a outros partidos, Feghali garante que a convenção do PCdoB-RJ aconteceu dentro da legalidade, dos prazos e regras determinados pela Justiça Eleitoral. "Aprovamos tudo que tinha que ser aprovado, a candidatura do senador Lindberg Farias [PT] para o governo do Estado, do deputado federal Romário [PSB] para o Senado, o evento estava marcado para até as 23h e fizemos um convite aberto para os partidos coligados, exatamente como a Lei nos permite. Na convenção partidária podemos chamar quem quiser, até porque todos os partidos coligados já fizeram as suas convenções, e eles podem levar também quem quiser", explicou a parlamentar.

Fontes ligadas à assessoria de Jandira Feghali reconheceram em fotos registradas no evento um homem que teria iniciado a confusão. Segundo essas testemunhas, ele estaria com um colete do TRE e portava uma mochila branca carregada com spray de pimenta . "Esse homem estava com spray de pimenta na mochila e posicionado na entrada da casa de shows, segundo me contaram essas fontes. Foi ele quem começou a empurrar as pessoas e usar o artefato de forma discreta, para não ser identificado. Outros agentes do TRE estavam perto dele", disse um assessor de Jandira.

Os fiscais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) que tentaram impedir a convenção do PCdoB estavam cumprindo ordens da juíza Daniela Barbosa Assunção, coordenadora estadual da fiscalização da propaganda do TRE de São João de Meriti, que alegou que o encontro configuraria campanha eleitoral antecipada e só poderia estar no local os filiados dos partidos envolvidos. A determinação da juíza para os fiscais era verificar a carteira de filiação do partido de cada participante da convenção e impedir que pessoas não ligadas à legenda entrasse no encontro. 

"A nossa convenção foi feita nos mesmos moldes da convenção do PMDB. Nos causa estranheza o fato de o PMDB, no seu encontro, parar um ônibus na Avenida Presidente Vargas, para o trânsito no local, inclusive com participação de chilenos, e o TRE não mandou nenhum fiscal para lá. Então, a juíza Daniela Barbosa Assunção precisa explicar para a sociedade os motivos dela ter mandado os fiscais para a convenção do PCdoB, já que o mesmo não aconteceu com o PMDB. Se existe uma Lei Eleitoral que proíbe a entrada de pessoas de partidos coligados, por que ela só serve para o PCdoB? São perguntas que precisam de respostas", disse Feghali.

Segundo a parlamentar, os fiscais chegaram ao local da convenção afirmando que o encontro não iria acontecer e tentaram fechar as portas da casa de show, impedindo a entrada dos convidados. "Não respeitaram nem a Benedita [Benedita da Silva (PT)], que é uma deputada federal. Ela foi impedida de entrar, empurrada pelos fiscais. O mesmo aconteceu com o Lindberg [Farias] e outras autoridades. Eu nunca vi isso acontecer em nenhum outro lugar", contou Jandira.

Ainda de acordo com a parlamentar, em nenhum momento os fiscais foram impedidos de entrar na casa de shows pelos correligionários do seu partido, como afirma a nota do TRE. "Isso é uma mentira [a afirmação do TRE], eu mesma conversei elegantemente com os fiscais, dentro da casa de shows, e não encerramos o evento por não reconhecer as alegações do TRE. A gente tinha certeza da nossa legalidade", diz Jandira. A deputada denunciou que homens que pareciam "milicianos" estavam acompanhando os fiscais e deram início a uma grande confusão, para atrapalhar o encontro. "Temos imagens e fotos da confusão e todo o movimento na casa de shows. Tinha milicianos à paisana no local. Os fiscais estavam com spray de pimenta na mochila. Você já viu fiscal do TRE utilizando spray de pimenta em fiscalização? Vamos tomar as medidas cabíveis", disse Feghali, destacando que a casa de shows não sofreu nenhum dano patrimonial. 

Ao Jornal do Brasil, Jandira Feghali disse que nem nos momentos mais duros da ditadura militar, não considerando a parte criminosa, mas a parte legal, houve uma atitude tão arbitrária. A parlamentar acredita que uma apuração bem feita vai encontrar milicianos atentando contra a segurança dos convencionais. Jandira está em Brasília reunida com seus advogados, buscando caminhos para acionar a Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro, que atuou claramente e com todas as suspeita de conivência com o poder do Estado. 

Na entrevista foi relembrado o almoço oferecido pelos prefeitos do Rio de Janeiro, que representou um ato público e ostensivamente político, com a presença do presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, e nenhuma medida foi tomada, preventiva, ostensiva ou posterior. A mesma situação foi observada pela deputada na convenção do PMDB, ou seja, não houve nenhuma medida punitiva e ninguém pediu carteirinha. A parlamentar quer saber a razão da tentativa de carteirada com todo o cheiro de miliciano na convenção do Partido Comunista.

O exagero praticado pelo TRE na convenção do PCdoB pode levar a uma observação. Se os blindados comprados pela África na época do Aparthaid estivesse no Brasil, talvez fossem também levados para a convenção.