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Sem acordo coletivo, metroviários do Rio ameaçam parar

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O site do Sindicato dos Metroviários do Estado do Rio de Janeiro (Simerj) publica uma carta aberta anunciando a possibilidade de greve: "O Metrô pode parar". Nesta segunda e terça-feira acontecem reuniões entre o Simerj e o Metrô Rio. Amanhã, às 18h, será realizada uma assembleia para discutir a possível paralisação. ­­­

Na carta aberta, os metroviários expõem os motivos para paralisação. “O Metrô Rio cobra a passagem mais cara do país, desde a privatização em 1998, a passagem subiu de R$ 0,35 para R$ 3,50, uma alta de 1000%, bem mais que a inflação no período, que foi de 347%. O Metrô Rio paga o menor salário do Brasil para metroviários”.

Segundo Heber Fernandes, presidente do sindicato, as negociações estão se arrastando desde abril, para fechar o acordo coletivo anual. “A ideia é que se comece a negociar antes da data base, que para nós é dia 1 de maio, ainda mais num ano atípico como esse, de Copa do Mundo. Deveria ser do maior interesse da empresa a negociação para não chegar nas vésperas de evento assim, com a possibilidade de greve. Sabemos que pode ser um transtorno, mas foi a empresa que não negociou. Ano passado nós só fechamos o acordo em julho. Em geral ela empurra o fechamento desse acordo e está acontecendo novamente”, completa. 

Na carta aberta, eles afirmam: “O transporte público, assim como educação e saúde não é para dar lucro,mas, apesar disso, a empresa que opera obtém um lucro anual milionário, em função do arrocho salarial e da passagem mais cara do Brasil”. Para Heber, a maior dificuldade nas negociações sempre são os fatores econômicos.

“Eles sempre alegam que não tiveram uma receita condizente com o que pedimos de aumento. A empresa diz que não teve reajuste em junho porque ocorreram as manifestações. Mas o que eles não falam é que tiveram passagens subsidiadas, acordos com o estado que permitem abatimentos. A população que não acompanha de perto não sabe dessas coisas”, completa.

Os metroviários pedem aumento de 15%, além do reajuste da inflação e o mesmo percentual de aumento para a cesta básica e o tíquete-alimentação. Os metroviários também reclamam de outras situações: eles querem maior participação nos lucros da empresa e cesta básica sem restrições. Segundo Heber, a cesta básica, por exemplo, é concedida a todos, mas quando acontece algum atraso ou falta, ela é suprimida. “Fica um clima de tensão. Você sai correndo pela rua para não chegar dois minutos atrasado, deixa de levar seu filho no médico para não perder o benefício”, lamenta Heber. Sobre a participação nos lucros ele diz: “A participação nos lucros para os grandes (os diretores) é grande, e para nós é pequena. Queremos algo mais justo”, completa.

O Metrô Rio foi questionado sobre os atrasos no fechamento dos acordos coletivos, mas não quis comentar. Informou somente que está em negociação com os metroviários. 

*Do programa de Estágio do JB