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Greve dos rodoviários é mantida até meia-noite de quarta-feira

Justiça considera greve ilegal e quer 70% da frota em circulação

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Os rodoviários do Rio decidiram manter a greve até a meia-noite de quarta-feira (14). Uma nova assembleia, na quinta-feira, decidirá os rumos da paralisação. Os motoristas e cobradores pediram desculpas à população, mas disseram que a greve foi a única forma de terem as reivindicações atendidas.

No início da noite, a situação no Centro da cidade era tranquila, apesar da greve. Segundo a Rio Ônibus, 158 ônibus foram depredados até as 17h. De acordo com o sindicato, 18% dos 8,8 mil ônibus circularam nesta terça.

Mais cedo, a desembargadora Maria das Graças Paranhos, do Tribunal Regional do Trabalho, determinou que 70% da frota de ônibus do Rio de Janeiro volte a circular sob pena de multa diária de R$ 50 mil ao sindicato da categoria. Segundo o TRT-RJ, a decisão levou em conta o fato de o transporte rodoviário de passageiros ser atividade essencial e de que o sindicato é o legítimo representante da categoria.

A juíza considera a greve abusiva por não ter cumprido o prazo de 72 horas para que a população fosse comunicada. O pedido foi feito pelo Sindicato das Empresas de Ônibus da cidade do Rio, considerada única entidade legítima a falar sobre os interesses dos rodoviários. A juíza não considera a greve convocada por dissidentes. Na justiça comum, quatro desses dissidentes identificados já foram proibidos de participar de qualquer ato ou manifestação grevista sobre multa diária de R$ 10 mil para cada um dos quatro.  

Por meio de nota, a direção do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio de Janeiro (Sintraturb Rio) informou que foi pega de surpresa com a decisão do Tribunal Regional do Trabalho de imputar multa no valor de R$ 50 mil, caso a greve dos rodoviários continue. De acordo com Sebastião José, vice-presidente do sindicato, a paralisação organizada pelo grupo dissidente de rodoviários não pode ser imputada ao sindicato, já que o reajuste salarial da categoria foi debatido em assembleia no Guadalupe Country Club, no dia 11 de março, e aprovado pela maioria presente. 

Além disso, segundo a nota, a própria vice-presidente do TRT, desembargadora Maria das Graças Viegas Paranhos e a procuradora do Ministério Público Deborah da Silva Félix, não encontraram nenhum tipo de ilegalidade no acordo firmado, que foi o mais expressivo conseguido para a categoria em todo o país.

"Fomos notificados e já estamos recorrendo da decisão. Respeitamos o TRT, que sempre nos apoiou nas negociações de campanhas salariais anteriores. Porém, mais uma vez afirmo que esse movimento com certeza tem fundo político. Prova disso é que a grande maioria dos rodoviários, cerca de 40 mil atualmente entre motoristas, cobradores, fiscais e mecânicos não estão participando desse movimento, somente um grupo de 350 pessoas está manchando a imagem dos profissionais sérios e protagonizando cenas de vandalismo pela cidade", afirmou.     

Já o presidente do Sintraturb, José Carlos, explicou que vários motoristas e cobradores foram trabalhar normalmente, mas foram impedidos de sair com os ônibus por grupos que fizeram plantão nas garagens, inclusive sendo ameaçados de agressão. "Houve casos de motoristas que tiveram que trabalhar sem uniforme e disfarçados para conseguirem sair com os ônibus, e  fazerem o itinerário da linha para não deixar a população à pé. Um verdadeiro absurdo", disse.

Segundo a procuradora do Ministério Público do Trabalho do Rio, Débora Felix, que intermediou a audiência de conciliação da categoria, nesta segunda-feira (12), como não foi possível chegar a um concesso entre as partes, o dissídio acordado entre o Sindicato dos Rodoviários e a Rio Ônibus vai ter prosseguimento legal e as entidades representativas vão apresentar de imediato as suas argumentações e contestações. Depois dessa fase, o MPT deve ser pronunciar num prazo de 48 horas e um parecer definitivo do relator responsável será apresentado até o final da semana que vem. 

A procuradora confirmou que foi instaurado um procedimento em primeira instância para apurar "o contorno da assembleia que aprovou o atual reajuste salarial para a categoria". Segundo a magistrada, os representante do grupo dissidente levantaram suspeitas sobre a legitimidade da comissão formada pelo sindicato para aprovar as cláusulas do acordo coletivo. "Esses fatos serão apurados em um processo próprio, que vai tramitar pelo ministério independente dos procedimentos instaurados para a questão do dissídio, que terá uma resolução imediata.", explicou Felix. 

Greve dos rodoviários: 158 ônibus depredados, 12 presos e abuso das vans

O secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Alexandre Sansão, divulgou por volta das 11h30 desta terça-feira (13/5) que cerca de 18% da frota dos 8.749 ônibus urbanos estavam circulando pela capital fluminense. No início da manhã, Sansão disse que apenas 10% dos coletivos estavam nas ruas. Para o secretário, esse número era insuficiente para atender cerca de 2 milhões de usuários e garantiu que o plano de contingência da prefeitura vai permanecer até o final da greve dos rodoviários. Pelo menos 158 ônibus foram apedrejados e 12 pessoas presas em atos de vandalismo, segundo a assessoria de imprensa da Rio Ônibus, que representa a classe patronal.

A greve dos rodoviários favoreceu o transporte alternativo e muitos motoristas de vans estavam cobrando preços abusivos em diversos pontos da cidade. O itinerário da Zona Oeste para o Centro podia custar acima de R$ 10, como denunciava alguns passageiros. O secretário Sansão disse que a prefeitura está fiscalizando os pontos tradicionais de transporte alternativo. "É inadmissível que pessoas se aproveitem de uma situação como essa. Estamos identificando os locais onde os abusos estão sendo praticados e tomando providências", contou Sansão. 

Segundo Sansão, o plano de contingência da prefeitura priorizando as linhas responsáveis pela integração com outros modais, como trens, metrô e barcas, que estão operando em capacidade máxima e com horário de pico antecipado desde o início da manhã desta terça (13). Os intervalos de circulação desses meios de transporte também será mínimos durante todo o período de paralisação dos motoristas e cobradores. As linhas de transporte expresso, como o BRT Transoeste, estão operando apenas com o eixo principal.

A prefeitura colocou em operação somente a ligação entre o terminal Alvorada, na  Barra da Tijuca, e Santa Cruz, com apenas 20% da capacidade. Os veículos particulares também foram liberados para transitar pelos corredores expressos do BRS (Bus Rapid Transit) e da Avenida Brasil. Sansão disse que a prefeitura está fazendo a sua parte, exigindo dos consórcios que coloquem nas ruas um número máximo de veículos para facilitar o esquema de integração com outros modais. "A secretaria está acompanhando de perto a negociação entre os rodoviários e as empresas, mas não nos cabe intervir diretamente", afirmou o secretário. A CCR Barcas registrou um movimento de cerca de 4 mil passageiros no trajeto entre o Cocotá, na Ilha do Governador, e a Praça XV, no Centro, até as 11h30. 

O sindicato de Lojistas do Rio de Janeiro e do Clube de Diretores Lojistas acreditam que o setor deve ter um prejuízo de até 60%, com perda de aproximadamente R$ 250 milhões, em função da paralisação. 

Motivos da greve

Em abril deste ano, o Sindicato dos Rodoviários firmou um acordo com a Rio Ônibus, que representa as empresas, concedendo um reajuste salarial de 10% para a categoria e aumento do Ticket Alimentação de R$ 120 para R$ 150 com desconto de R$ 10. No entanto, a comissão de greve reivindica um reajuste salarial de 40% e ticket alimentação no valor de R$ 400. O grupo de dissidentes do sindicato alegam que a negociação foi feita sem a participação dos trabalhadores. Os grevistas revindicam ainda melhorias nas condições de trabalho e o fim da dupla função do motorista, que muitas vezes desempenha a função de cobrador. 

 

Prefeitura manterá plano de contingência

A Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), da CET-Rio, da Secretaria Especial de Ordem Pública (Seop) e da Guarda Municipal, em parceria com o Rio Ônibus, Polícia Militar, Metrô Rio, Supervia e CCR Barcas, informa que manterá, nesta quarta-feira (14/05), em operação o plano de contingência para minimizar os impactos à população em função da paralisação dos rodoviários.

A prefeitura reforça que os carros continuam, nesta quarta-feira, autorizados a circular na faixa seletiva da Avenida Brasil e nos corredores do BRS. 

O plano prioriza metrô, trens e barcas, reforçando as linhas de ônibus que fazem integração física com esses modais, além de linhas essenciais para deslocamento da população em áreas atendidas apenas por ônibus. Os serviços do BRT Transoeste também fazem parte do plano.

O reforço da Polícia Militar vai garantir a segurança na saída das garagens dos quatro consórcios, nas estações do BRT Transoeste e nos terminais de ônibus para aqueles que optarem por não aderir à paralisação. Agentes da Guarda Municipal e controladores de trânsito reforçarão a operação nas ruas.

Operação SUPERVIA

·  Antecipação do início da operação no horário do pico da manhã em 90 minutos. Ou seja, a partir das 4h30 desta terça-feira, a Supervia vai operar com capacidade máxima, reduzindo o intervalo entre as composições. Vale ressaltar que os trens começam a circular às 4h;

·  Reforço na operação dos trens especiais - Partidas de Bangu, Campo Grande, Deodoro e Madureira;

·  Prolongamento da operação no horário do pico da tarde: em função da demanda.

 

Operação METRÔ

·  Antecipação do início da operação no horário do pico da manhã em 60 minutos. Ou seja, a partir das 5h30, o Metrô Rio vai operar com capacidade máxima, reduzindo o intervalo entre as composições. Vale ressaltar que o metrô começa a circular às 5h;

·  Prolongamento da operação no horário do pico da tarde: em função da demanda.

 

Operação BARCAS (Cocotá - Praça XV)

·  Antecipação da operação no horário do pico da manhã em 30 minutos, reduzindo o intervalo entre as embarcações: a partir das 6h30 com partidas Cocotá;

·  Aumento da oferta de lugares (com partidas simultâneas e?ou embarcações de maior capacidade);

·  Extensão da operação no horário do pico da tarde: antecipação e prolongamento em 60 minutos - Partidas Praça XV. 

 

Operação ÔNIBUS

·  Prioriza as ligações com outros modais (linhas de ônibus  intermunicipais, trem, barcas e metrô);

·  Prioriza circulação de linhas essenciais para o deslocamento da população em áreas não atendidas por outros modais de transportes.