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"20% é impossível", diz governo do Rio sobre aumento para os professores

Sepe-RJ: "Dinheiro para Copa tem, mas para a Educação, nada

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O secretário de Estado de Educação do Rio, Wilson Risolia, afirmou nesta sexta-feira (9/5), que é impossível dar os 20% de aumento solicitado pelos professores da rede, em função dos aumentos que já foram concedidos à categoria. A afirmação do secretário aconteceu dois dias depois dos representantes do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) anunciarem uma greve por tempo indeterminado, a partir da próxima segunda-feira (12).

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux também já se pronunciou sobre a questão e marcou uma reunião para a próxima terça-feira (13), em Brasília, com os governos estadual e municipal do Rio e o (Sepe). O encontro vai avaliar a greve e o ministro pediu a suspensão do movimento até o dia 13. O posicionamento do secretário de Educação do Rio gera novas expectativas para os professores e cria o mesmo clima de insegurança que tomou conta do estado durante o carnaval, com a greve dos garis. Inicialmente, o governo Eduardo Paes (PMDB) negou o reajuste salarial pedido pelos garis, afirmando não ter dinheiro em caixa, para dias após voltar na decisão e aceitar a proposta da categoria, sob forte pressão da própria população, que apoiou o movimento de greve.  O acerto final representou um aumento de 300% da proposta inicial. 

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A decisão da greve dos professores foi tomada em uma assembleia da categoria realizada na tarde desta quarta (7), no Clube Municipal, na Tijuca, zona norte da cidade. As reivindicações conjuntas dos profissionais do estado e município englobam as cobranças dos acordos feitos em outubro do ano passado entre as secretarias de Educação do estado e do município com o Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Entre eles, o reajuste de 20% nos salários, além da redução da carga horária para planejamento de aulas extra classe de 40 para 30 horas. 

Os professores consideram incoerente o discurso dos governos estadual e municipal, que segundo eles enfatiza a valorização dos profissionais, mas na hora de investir destinam as verbas somente para os projetos da Copa do Mundo e não cumpre, ao menos, os acordos já firmados. "Esse pouco caso das autoridades é muito ruim, porque ao mesmo tempo que eles [governantes] falam em valorização do profissional da Educação, na prática as verbas públicas vão somente para a Copa e nada sobra para o ensino. Esse índice alarmante de violência divulgado agora tem uma relação indireta com a precariedade na Educação. Como as autoridades não investem devidamente no ensino, depois têm que investir mais em segurança pública.", disse uma das representantes do Sepe, Marta Moraes.

O ensino no estado poderia estar em outro patamar, na opinião de Marta, se o governo estadual enviasse apenas uma parte "dos bilhões que está investindo na Copa para a melhoria do ensino público". Segundo ela, mais de 100 escolas estaduais fecharam as portas no governo Cabral, em função de um processo constante e acelerado de sucateamento. Outra questão grave é a super lotação das creches, que estão atendendo a um número de alunos bem maior do recomendado pelas próprias autoridades. "Esse quadro é delicado, porque leva à um risco grande para as crianças. São poucos professores para tomar conta de um número grande de alunos", explica Marta. 

Segundo Wilson Risolia, elevar os salários dos profissionais do ensino implica em um processo burocrático e a proposta feita pelo governo teve como base os valores do ano passado, de 8%. O secretário disse também que não foi comunicado oficialmente pelo Sepe-RJ sobre a greve, mas se o movimento tiver respaldo legal, não poderá substituir o professor grevista e terá que aguardar o seu retorno para repor as aulas. 

O Sepe já informou que vai realizar uma nova assembleia na próxima quinta-feira (15/5) com o intuito de avaliar o movimento. Nesta quarta (7) a classe fez uma paralisação por 24 horas. De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), dos 75 mil professores da rede somente 302 não compareceram e as escolas e funcionaram normalmente. Já o Sepe informou que 40% dos profissionais aderiram à paralisação.