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Marcha contra o aborto reúne cerca de 300 pessoas em Copacabana

Artistas, políticos e autoridades religiosas se juntaram ao movimento

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Uma passeata com cerca de 300 pessoas, segundo estimativa da Patrulha de Ordenamento da Praia, saiu às ruas de Copacabana, neste domingo, para protestar contra o aborto e a favor da legalização do Estatuto do Nascituro. A organização do evento acredita que 5 mil pessoas chegaram ao final do ato, juntando-se aos 300 que saíram em marcha. Autoridades políticas e religiosas participaram do movimento. Mães de vítimas da tragédia na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, se juntaram aos manifestantes. A madrinha do Movimento Brasil sem Aborto, a cantora Elba Ramalho, também esteve presente. O ponto de encontro do grupo foi a esquina da Avenida Atlântica com a Rua Miguel Lemos. Um trio elétrico acompanhou a concentração do ato, que, por volta das 16 horas, seguiu em marcha até a Praça do Lido.

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O assessor de imprensa da 2ª edição da Marcha Pela Vida, Cleiton Ramos, explicou que “o objetivo da passeata é a aprovação do Estatuto do Nascituro e também a coleta de assinaturas para a abertura da Casa de Apoio à Mulher”. Grupos favoráveis ao aborto defendem, entre outros pontos, que em casos de estupro, a mulher deve ter direito de escolha sobre ter ou não o filho. Cleiton conta que, para casos como esses, o objetivo da Casa de Apoio à Mulher é realizar um trabalho psicológico junto às mães. “Nós não podemos colocar na conta da criança um crime que não tem a ver com ela. É feito um acompanhamento da gravidez e também pós gravidez, para que nenhum trauma fique na mulher ou no bebê”.

Segundo João Menezes, secretário estadual de comunicação do Movimento Nacional de Cidadania pela Vida, “a marcha é feita para mostrar que a maioria da população brasileira é contrária à legalização do aborto”. Ele conta que as estimativas são baseadas em “pesquisas feitas por órgãos competentes” e que “todos eles mostram que mais de 80% da população brasileira é contrária à legalização”.

Ele explica que a proposta da Casa de Apoio à Mulher é amparar as mães que querem ter seu filho, mas não têm condições psicológicas ou sociais para isso. Ainda segundo João, outro ponto importante é realizar um trabalho de conscientização com as mulheres que não querem dar à luz. “Ela já é mãe, já tem um bebê na barriga. Ele ainda não nasceu, mas já existe. Independente da forma como ele foi gerado ou da forma como ele se apresente, ele não deixa de ser um ser humano”, justifica.

Para Maria José Silva, responsável, no Rio de Janeiro, pelo Movimento Brasil sem Aborto o objetivo da marcha é “chamar a atenção da sociedade para todas as ameaças à vida humana e tudo aquilo que nós temos percebido a nível nacional, das tentativas de legalizar o aborto”. Ela ressalta que o Movimento é suprapartidário e suprareligioso. “A nossa missão é trabalhar de forma organizada, com a sociedade civil unida para que a vida humana seja respeitada desde a concepção até a morte natural. Precisamos proteger a vida, baseados e fundamentados na constituição do nosso país”, defende.

Dom Antônio Augusto, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, também acompanhou o movimento. “Estou aqui, como Igreja e como cidadão, para apoiar essa iniciativa e mostrar que há uma parcela muito grande da população brasileira que quer valorizar a vida desde a sua concepção até o seu término natural. Como cristão e como cidadão, eu quero aplaudir essa iniciativa e quero apoiá-la”, declarou. Para ele, a questão do aborto vai além de crenças religiosas. “Em primeiro lugar é importante o papel da cidadania para a conscientização contra o aborto. A vida é um valor que reverte para o bem social. A religião acrescenta algo que é de fé, que não é determinante para a cidadania. Um país não pode dispensar o patrimônio mais valioso que ele tem, que a vida. Não é a religião que nos leva a defender a vida”, explica.

A deputada e atriz Miriam Rios defende o Estatuto do Nascituro “independente de religião ou concepção política”. Ela diz que “a aprovação do Estatuto do Nascituro está criando uma polêmica em Brasília porque as feministas acham que o corpo é delas e elas podem fazer o que elas quiserem. Só que elas esquecem que o bebê que está dentro delas é outro corpo. Da mesma maneira que a mulher quer ter a liberdade de escolha se vai ou não ter o filho, ela tem que dar essa mesma liberdade para a criança”. Miriam defende que, “se o bebê é indefeso, ele precisa ser defendido pelo estado laico. Matar um bebê é indefeso é crime”. Sobre filhos concebidos através de estupro, ela admite que, por mais complicada que seja a circunstância, “a mulher pode ter seu filho e entregá-lo para adoção para ele virar benção na vida de outra família”.

A cantora Elba Ramalho realiza trabalhos com mulheres grávidas há mais de cinco anos. Ela conta que, há dois, já atendeu cerca de 200 mulheres e 150 levaram a gravidez até o final dos nove meses. Madrinha do Movimento Brasil sem Aborto, ela explica que não existe orientação política ou religiosa dentro do grupo e que o propósito é “defender a vida”. Para Elba, “a vida é um direito legítimo de todos”. A cantora também declarou: “eu acredito que quando a sociedade começa a pensar em criar leis que legalizam o direito de um cidadão matar o outro, ela é decadente. Pela nossa dignidade humana, pela nossa fé, pelo amor que a gente tem pela vida, nós não apoiamos o aborto. Queremos ser voz e vez daquelas crianças que estão no ventre de suas mães e não tem culpa de nada do que aconteceu”.

Sobre a passeata, ela afirma que o objetivo é “dizer sim à vida”. Para Elba, “falta informação, carinho lei e hospitais pro vida, pro saúde e pró mulher. O Movimento luta por isso, mas é difícil porque vivemos em um mundo relativista”. A cantora finaliza dizendo: “Eu estou aqui porque acredito nessa causa e também na evolução da raça humana. Não para derramar sangue, mas para deixar viver”.

* Do Programa de Estágio do Jornal do Brasil