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Desabrigados da Telerj: possível solução estaria em imóveis vazios no Centro

Grupo que continua no terreno da Catedral aguarda resposta definitiva nesta quarta-feira

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Continua sem solução definitiva o destino dos desabrigados da Favela da Telerj, mesmo após a reunião de três horas realizada no último sábado (26), que contou com a presença do cardeal dom Orani Tempesta, de representantes dos desabrigados, da prefeitura, do Legislativo e do Judiciário. Durante a reunião, foi formada uma comissão de 18 pessoas para tentar solucionar o impasse nas negociações entre ex-ocupantes e poder público.

O grupo de 136 famílias ocupava um terreno da Oi, no Engenho Novo, e foi expulso há cerca de 15 dias durante uma ação de reintegração de posse que terminou em confronto. Em seguida, foram para frente do prédio da Prefeitura, onde ficaram acampados por alguns dias. Sem solução e temendo repressões mais violentas por meio de forças policiais, o grupo seguiu para a Catedral, onde foram acolhidos pela Igreja.

>> Terreno da Oi: após reunião, impasse continua. OAB cobra ação do MP

>> Prefeitura ainda não estabelece solução para situação dos desabrigados da Telerj

No último domingo, os desabrigados teriam apresentado uma proposta definitiva, deixando novamente explícito que não aceitarão o encaminhamento para abrigos municipais, proposta mais de uma vez pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. De acordo com o advogado André de Paula, que estaria representando os desabrigados, a única proposta que os moradores têm é a de organizar uma lista com prédios desocupados no Centro do Rio para que estes sejam repassados para as famílias expulsas do terreno da Telerj.

“Existem prédios do governo municipal, do governo estadual e do governo federal que estão vazios, sem nenhuma função social. O número de prédios vazios é superior ao déficit habitacional”, disse o advogado André de Paula. Ainda de acordo com o advogado, prédios privados sem utilização também estariam sendo focados pelo grupo.

O advogado deixou claro que essa, até agora, a distribuição desses imóveis desocupados é a única solução viável do ponto de vista dos desabrigados. “Os abrigos são vergonhosos. Minha casa, minha vida é sempre em lugar longe, sem estrutura”, afirmou.

Outro ponto abordado pelo advogado seria a solicitação de um mecanismo de subsistência provisório que garanta alguma renda aos moradores após estes serem encaminhados para esses imóveis no Centro do Rio. Uma resposta da Prefeitura em relação a esse conjunto de  propostas estaria prevista para ser emitida nesta quarta-feira (30) de acordo com os desabrigados.

A assessoria da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS) voltou a reforçar que a proposta oferecida por eles continua sendo a oferta de vagas no abrigo municipal Maria Teresa Souza, no bairro de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, além do cadastramento social. De acordo com a assessoria da SMDS, qualquer medida envolvendo prédios no Centro do Rio envolveria diretamente intervenção da Prefeitura.

A quantidade de pessoas no acampamento varia, mas em geral, o grupo conta ainda com cerca de 85 adultos e 30 crianças que se mantém no terreno da Catedral até uma solução do poder público.

Chuva piora condições dos desabrigados

O desabrigado Rodrigo Moreira contou que com a forte chuva que caiu em pontos da cidade do Rio no último domingo (27), a situação dos desabrigados piorou. De acordo com ele, a água invadiu o acampamento e colchonetes foram perdidos.

Segundo Rodrigo, durante a chuva, o Banco da Providência, que fica localizado na parte lateral da Catedral Metropolitana teria oferecido abrigo para as mulheres grávidas e crianças durante a chuva, mas os desabrigados teriam ficado receosos de aceitar. “Depois de todas as pancadarias que rolaram, as mães ficaram desconfiadas. Por que só as mães e as crianças lá dentro? O que iria acontecer com os homens do lado de fora? Então ninguém aceitou entrar”, explicou Rodrigo.

Nesta segunda, o acampamento contava com uma cobertura de plástico, que de acordo com Rodrigo, foi conseguido graças ao apoio dos sindicatos que vêm ajudando o grupo. As doações continuam, mas os desabrigados estariam precisando de agasalhos, água potável e material descartável. “A Igreja está dando alimentos para a janta e o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) tem dado o almoço. Além disso, as pessoas continuam fazendo doações”, contou.