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Ex-moradores da Favela da Telerj entram em confronto com guardas municipais

Manifestantes permanecem em frente à prefeitura

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A tarde dessa terça-feira (15) começou com confrontos e protestos em frente ao prédio da Prefeitura do Rio de Janeiro. Os manifestantes, que fazem parte do grupo formado por ex-ocupantes do prédio da Oi e hoje acampam em frente à Prefeitura, interditaram a Avenida Presidente Vargas às 12h10. A via foi liberada às 13h. 

Por volta das 15h30 um novo confronto terminou com duas pessoas feridas. Manifestantes jogaram pedras contra a Guarda Municipal, que reagiu sem violência para dispersar o movimento. Ainda na Avenida Presidente Vargas, os manifestantes apedrejaram uma ambulância e um caminhão. O motorista da ambulância foi ferido na cabeça e as chaves do caminhão foram tomadas. Outro pedestre também foi ferido com uma pedra.

Na Candelária, manifestantes protestaram contra a Copa do Mundo. O grupo saiu às 18h, com destino ao prédio da Prefeitura, na Avenida Presidente Vargas. Os manifestantes, que se uniram ao grupo de ex-moradores da Favela da Telerj, foram recebidos pela Guarda Municipal. Em seguida, o protesto seguiu de volta para a Candelária.

>> Moradores retornam à Prefeitura e são cercados pela Guarda Municipal

Na tarde de segunda-feira, parte dos ocupantes aceitou a proposta de cadastramento social. Na segunda-feira, 373 pessoas foram cadastradas e, hoje, foram distribuídas 500 senhas. Cinco famílias aceitaram a transferência para abrigos. A Prefeitura garante que, a partir do cadastramento, os casos serão analisados individualmente. As conclusões servirão para distribuir as famílias entre os programas do Governo, seja o aluguel social ou o “Minha casa, minha vida”.

Segundo Esteban Crescente, militante do Movimento Luta nos Bairros; Vilas e Favelas, a manifestação foi aconteceu porque "a Prefeitura rompeu com todos os acordos". Ainda segundo ele, "as senhas foram distribuídas e algumas famílias foram cadastradas, mas parou por aí. Eles (a Prefeitura) disseram que, com o cadastro, seria apresentada uma proposta concreta hoje, às 9h. Isso não aconteceu e, as senhas distribuídas, não deram em nada. Nenhum outro cadastramento foi feito hoje". Esteban pediu "velocidade" para que o problema seja resolvido: "Tá difícil ficar acampado com a chuva que está caindo. Tem idosos, crianças e até mulheres grávidas, mas a Prefeitura não acena com preocupação". 

Em nota, a Prefeitura se manifestou sobre o atendimento aos ex-moradores da Favela da Oi:

"A Prefeitura do Rio, por meio das secretarias municipais de Desenvolvimento Social, de Habitação e de Governo, voltou a se reunir, nesta terça-feira (15), com o grupo de integrantes da ocupação do prédio da Oi e da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ para dar continuidade ao processo de cadastramento social.

Durante a reunião, a prefeitura se propôs a receber dos ocupantes uma listagem para o atendimento das famílias, porém, até o momento, nenhum documento foi entregue.

Nesses dois dias de atendimento, as assistentes sociais do município realizaram o cadastro social de 1.252 famílias. Outras 77, que estavam agendadas para esta terça-feira, não compareceram ao local. O cadastramento terá continuidade nesta quarta-feira (16).

A Prefeitura do Rio possui um conjunto de programas sociais e, de acordo com o perfil familiar, essas pessoas serão encaminhadas e atendidas conforme as prioridades e demandas".

Entenda o caso

Os manifestantes fazem parte do grupo de, aproximadamente, 5 mil pessoas que foram retiradas de um prédio da empresa telefônica Oi, no Engenho Novo, por ação policial, após uma ocupação que durou cerca de 11 dias. Durante o processo de reintegração de posse, houve violência policial e tentativa de impedir o trabalho da imprensa, o que incluiu a prisão de um jornalista. Para especialistas, faltou política pública para impedir que o prédio da Oi permanecesse desocupado por dez anos, antes do episódio, sem atender à função social da propriedade.

O acordo prevê que os manifestantes que não têm onde ficar procurem os abrigos da prefeitura, segundo Maria José Silva, uma das representes do grupo. Nesta segunda (14), outros porta-vozes dos moradores haviam criticado a oferta, alegando que os abrigos não eram adequados: "Não aceitamos abrigo. Como a gente vai colocar nossas crianças dentro de um abrigo onde têm pessoas que usam entorpecentes?", questionou Iara Silva, que integra a comissão de representantes.

Para Maria José, o acordo é uma forma de retomar as negociações: "A gente espera que eles realmente vejam as necessidades das pessoas. Nós aceitamos porque esse é um pontapé inicial para que seja feita alguma coisa".

No cadastramento, a prefeitura vai conferir quem já é cadastrado em programas sociais e que necessidades que cada família tem, para que, então, os desabrigados sejam inseridos em ações sociais. Quarta-feira pela manhã deve ser feita uma nova reunião, para discutir os próximos passos da negociação: "O povo que está aqui desde sexta-feira acampado quer uma solução logo", disse Maria José.