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'Estamos agindo com aplicação de analgésicos', diz Beltrame 

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O secretário estadual de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame disse, em entrevista ao jornal argentino Clarín em Português, não saber quando o Exército não será mais chamado a participar de operações no Estado. "Não posso dar essa garantia, sinceramente, porque o Rio de Janeiro tem ainda áreas que são muito difíceis e a gente sempre pede esse auxilio e eu particularmente não tenho pudor nenhum de pedir esse apoio", avaliou.

Beltrame esteve na capital argentina para palestrar na sexta-feira na Universidade Católica de Buenos Aires (UCA) no momento em que a segurança pública passou a ser prioridade entre os argentinos e que políticos locais apontam as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) como exemplo. No evento na Argentina, o secretário falou sobre a experiência do Rio de Janeiro e deu uma visão do que entende dos temas que obrigatoriamente devem ser abordados por toda a América Latina para que se consiga dar uma resposta efetiva para a segurança pública. "Tenho a impressão de que estamos sempre agindo com a aplicação de analgésicos e o problema estrutural, o problema em si a gente não resolve. Não se trata somente das questões sociais, de cidadania, porque isso sem dúvida tem um peso enorme mas isso não nos diz respeito (como polícia)", completou.  

Para Beltrame, trata-se de um problema judicial. "São questões relativas às mudanças na ordem penal, pelo menos no Brasil, a questão da fronteira, dos menores de idade. No Brasil, a questão do crack, a questão dos presídios que não deixam de ser uma grande assembleia de bandidos. Estas questões precisam ser encaradas pela sociedade. A sociedade precisa escolher que sistema prisional ela quer", alegou. "Tenho a impressão que ninguém quer mexer nisso. A imprensa não mexe, os políticos não mexem, as pessoas não mexem, mas está aí. A polícia do Rio de Janeiro gastando uma energia imensa em cima de um trabalho (para capturar) uma pessoa que já era para estar presa e há muito tempo", completou, se referindo à prisão do chefe do tráfico de drogas da Maré, Marcelo Santos das Dores, o ‘Menor P’.