ASSINE
search button

Previsão de chuva no Rio causa preocupação devido ao acúmulo de lixo

No quinto dia da greve dos garis, chuva preocupa especialistas sobre a saúde pública 

Compartilhar

De acordo com a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), entre esta quinta-feira (6) e o próximo sábado (8), o Rio de Janeiro deve receber 30 milímetros de chuva acumulada. Chuva esta tão temida pelos cariocas, visto que a cidade está repleta de lixo acumulado por causa da greve dos garis, que começou no último sábado (1).

Para o meteorologista do Inmet Almerino Marinho, essa chuva vem do Sul do país, mas antes de chegar ao estado deve passar primeiro por São Paulo e Minas Gerais. “Essa chuva na capital é considerada fraca, deixando o tempo com mínima de 21°C e máxima de 33º. A proporção fica um pouco maior no Sul do estado, onde terá um acúmulo de 70 milímetros de chuva, nesses três dias. Contudo, nada que cause preocupação sobre possíveis enchentes”, afirmou.

Contudo, mesmo com a despreocupação do especialista sobre as possíveis catástrofes geradas pelas fortes "águas de março", o agente de saúde pública da Fundação Nacional de Saúde, José Ribamar, alerta que a situação da saúde pública, em âmbito estadual, pode se agravar com a precipitação. "Com a chegada das chuvas e o acúmulo de lixo que a cidade está enfrentando, ficamos com o problema da proliferação do mosquito da dengue em questão. Esse lixo entope bueiros e as vias que costumam escoar a água das chuvas, além de acumular água em latas e recipientes. Como estamos falando da capital, vale lembrar que essa região concentra o maior número de trabalhadores do estado. Logo, se uma pessoa é contaminada na capital, ao retornar para sua região de origem pode disseminar, ainda mais, a doença, gerando uma epidemia em alta escala”, explicou.

Ribamar também ressaltou que o acúmulo de lixo na cidade pode concentrar um maior número de roedores e insetos, causadores de doenças. “O lixo proveniente do carnaval armazena toneladas de restos de alimentos, que costumam atrair roedores e moscas. A população de roedores, por exemplo, é a que mais cresce na cidade. Eles geram doenças como a leptospirose [proveniente da urina do rato] e a peste bubônica [transmitida pela pulga do roedor]. As moscas, por sua vez, contaminam os alimentos e disseminam doenças”, disse.

O agente de saúde também ressaltou ações públicas que poderiam amenizar a situação do lixo e das chuvas, e consequentemente, da saúde pública na cidade. “O prefeito Eduardo Paes deveria convocar uma força-tarefa, com apoio de todos os órgãos municipais, quiçá com o  governo estadual e federal, para limpar a cidade, a fim de contornar essa situação”, sugeriu o especialista.

José Ribamar também acrescentou sua indignação com os cuidados da prefeitura do Rio com os cariocas, crítica frequente dos foliões durante o carnaval. “O carnaval terminou, os turistas curtiram o feriado, mas o ônus ficou para a sociedade que volta a trabalhar hoje [5] e tem que aturar o problema de saúde pública. O povo não pode pagar o preço de colocar sua saúde em risco. O lixo é um foco gerador de várias endemias e o acúmulo de chuva gera a proliferação da dengue”, exclamou.

*Do projeto de estágio do Jornal do Brasil.