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Inquérito policial diz que cinegrafista não teve chance de defesa

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O inquérito que a Polícia Civil do Rio de Janeiro entregou nesta sexta-feira ao Ministério Público sobre a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade diz que a vítima não teve chance de defesa. O documento, de 175 páginas, indicia Caio Silva de Souza e Fábio Raposo por homicídio com dolo eventual. 

No relatório final do inquérito, o delegado Maurício Luciano afirma que "não há dúvida que Fábio Raposo e Caio Silva de Souza agiram em comunhão de esforços e objetivo comum, assumindo o risco de produzir o resultado do crime de homicídio”. Ele ressalta ainda que um dos agravantes foi o modo como a vítima foi alvejada: de costas para o artefato, impossibilitando completamente a sua defesa.

Caio Silva de Souza e Fábio Raposo estão presos no Complexo de Gericinó, em Bangu. A promotoria tem cinco dias úteis para apresentar a denúncia à Justiça ou pedir novas investigações à polícia. 

O advogado Jonas Tadeu Nunes, que defende os dois, disse que vai pedir a anulação do inquérito. Ele esteve no presídio na tarde desta sexta para saber o motivo de Caio ter mudado sua versão inicial e negado ter acendido o rojão. Segundo Tadeu, Caio não demonstrou nenhum interesse em dar depoimento. Ele disse ao advogado que foi acordado.

O Jornal Extra publicou que Caio Silva de Souza, apontado como o homem que acendeu o rojão que matou Santiago, prestou depoimento a policiais da 17ª DP e a agentes da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap).

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Segundo o jornal, Caio disse no depoimento que Fábio o atiçou para disparar o rojão, dizendo “Solta, solta...”, no momento em que entregou a ele o artefato e que o tatuador disse ainda “acende aí”. Porém,  segundo a versão de Caio, quem acendeu o explosivo foi o próprio Fábio. Caio teria apenas segurado o artefato e o colocado no chão já aceso.

Ao saber do teor do depoimento, o advogado Jonas Tadeu disse que teria que largar o caso se fosse confirmado esse confronto de versões. “Se houver uma colisão, aí é claro que não pode haver uma única defesa. Eu vou ter que pensar como eu vou fazer em relação a este caso”, disse.

O advogado disse que iria se reunir com seus dois clientes e definiria como prosseguiria com a defesa. Questionado se ele iria escolher entre um dos dois clientes, Tadeu falou que optaria por não escolher.  “Por uma questão de ética, como eu comecei com os dois, eu não iria optar nem por um nem por outro (...). Como os dois detêm a minha simpatia e o meu querer bem, eu não escolheria um dos dois, nunca”, disse.

Jonas Tadeu ainda disse que chegou ao caso por causa de dois estagiários, que seriam amigos de infância de Fábio. “O Fábio é amigo de infância de dois estagiários do meu escritório. Eu já conhecia o Fábio, porque ele é skatista e, às vezes, o escritório patrocinava esses garotos. Os meninos trouxeram ele pra mim e eu  comecei a defesa”, falou.

Com Portal Terra