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Peritos vão analisar imagens de TV e roupas do cinegrafista ferido no Rio

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As investigações sobre o artefato explosivo que atingiu o cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, durante a manifestação de quinta-feira (6), no Centro do Rio, seguem duas linhas periciais, além dos depoimentos das testemunhas, disse o chefe de Polícia Civil, Fernando Veloso. Santiago está internado, em estado grave, no Hospital Souza Aguiar, aonde chegou com afundamento de crânio e passou por uma cirurgia durante a madrugada.

Os peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) receberão todas as imagens coletadas pela polícia, inclusive as feitas por emissoras de televisão, para tentar elaborar um desenho em que conste o local exato onde estava o cinegrafista e a possível trajetória que o artefato fez antes de atingi-lo.

"A partir disso, vamos conseguir reduzir a área em que estava a pessoa que fez o lançamento [do explosivo]. Vamos definir se estavam presentes policiais militares, se só havia manifestantes, se havia pessoas mascaradas. Num primeiro momento, é preciso fazer essa definição", explicou Veloso.

Outro caminho que as investigações estão seguindo é analisar a roupa que Santiago usava, em busca de vestígios materiais do artefato que o atingiu. "Esses fragmentos vão ser submetidos a perícia para definir o tipo de material. Com esse material, podemos definir qual foi o tipo de explosivo utilizado", disse Veloso.

Ele evitou estabelecer prazo para as investigações e adiantou que espera, em breve, ter as primeiras definições sobre a origem e o tipo de artefato, de modo a afastar algumas dúvidas. "O esquadrão antibomba estará atuando junto com o ICCE nas investigações. Eles já me disseram que, a partir das imagens que demonstram a dispersão de gases, a intensidade e a amplitude do clarão, podem ser capazes de chegar ao artefato também."

O governador Sérgio Cabral e o secretário de Segurança Pública do estado, José Mariano Beltrame, lamentaram a agressão ao cinegrafista. "Custe o que custar, doa a quem doar, vamos descobrir os autores dessa barbaridade. A informação verdadeira chegará à população, seja ela responsabilizando um agente da policia ou alguma outra pessoa que tenha feito isso", disse o governador.

Centenas de pessoas participaram ontem de mais uma manifestação contra o reajuste nas tarifas de ônibus no Rio de Janeiro, que passarão de R$ 2,75 para R$ 3 amanhã (9). Os manifestantes entraram no prédio da Central do Brasil no início da noite e houve confronto com a polícia no terminal de trens e nos arredores.

Na noite de ontem, dirigentes do sindicato estiveram no hospital Souza Aguiar, acompanhando o caso. A informação é que ele foi atingido no ouvido e nuca e chegou à unidade com afundamento de crânio. Além de Andrade, mais seis pessoas foram levadas para o hospital depois do protesto contra o aumento da passagem de ônibus de R$ 2,75 para R$ 3.

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A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) emitiu nota ontem repudiando o ataque e confirmou que este é o terceiro jornalista ferido em manifestações em 2014. Em São Paulo, o repórter Sebastião Moreira, da Agência EFE, foi agredido por policiais militares e o freelancer Paulo Alexandre sofreu agressões de guardas civis, em janeiro.

Em nota publicada na internet, o Grupo Bandeirantes de Comunicação disse que acompanha a evolução do quadro do jornalista, com parentes dele no hospital, e que registrou o caso na 5º Delegacia de Polícia.

Este é o segundo caso de repórter cinematográfico da Band atingido durante conflitos, no Rio. Em 2011, Gelson Domingos morreu vítima de um tiro de fuzil. À época, o sindicato dos jornalistas responsabilizou a emissora por não fornecer equipamentos de segurança aos seus profissionais.