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Manutenção é causa de acidente na SuperVia para Sindicato dos Ferroviários

A falta de investimentos nas ferrovias é outro problema apontado pelos sindicalistas

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A manhã desta quarta-feira (22) começou com o descarrilamento de um trem da SuperVia por volta das 5h15. A composição seguia da Central do Brasil em direção a Saracuruna, na Baixada Fluminense, quando o acidente ocorreu ao chegar à estação de São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. O motivo do descarrilamento ainda é desconhecido, mas de acordo com Pedro Ricardo, secretário de Finanças do Sindicato dos Ferroviários da cidade, o ocorrido pode ter três principais motivos e todos envolvem negligência com a manutenção do maquinário.

“Estamos fazendo o levantamento das informações para saber o que pode ter acontecido. Por aquele trecho passam muitos trens diariamente, então as principais razões para o descarrilamento são o uso contínuo do truque ferroviário, que constitui um conjunto de rodas, o apodrecimento do dormente, travessas por onde os trilhos são fixados, ou o trilho gasto e que precisa ser trocado”, explica.

De acordo com Pedro, os investimentos feitos nas ferrovias são pouquíssimos. No máximo alteram a pintura dos trens. Dessa forma, ele alerta que não há como oferecer um serviço de qualidade a tempo para as Olimpíadas em 2016 e muito menos para a Copa do Mundo, que acontecerá no meio de 2014.

“Só um trilho gasto já é algo que não se troca da noite para o dia, não dá para resolver de uma hora para outra. Os únicos reais investimentos foram a compra de novos trens e a remodelagem de algumas estações”, aponta.

A Agetransp, Agência Reguladora dos Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro, informou que está investigando os motivos que levaram ao acidente na Concessionária Super Via. A agência comunicou ainda que, por conta do descarrilamento, irá multar a concessionária por “falhas detectadas no plano de contingência, na comunicação e no atendimento aos usuários do sistema de trens urbanos”.

No entanto, segundo Pedro, não adianta apenas multar e, eventualmente, reverter essa multa em valor de investimentos para as composições, já que não há uma correta fiscalização para saber se o dinheiro será de fato bem aplicado. “Não há um acompanhando bem feito, então a empresa [Odebrecht TransPort, que controla a concessionária desde 2011] precisa sentir um impacto no bolso. Uma boa medida seria, por exemplo, obrigar a SuperVia a liberar a roleta por 24 horas durante um dia da semana, para compensar os prejuízos que milhares de passageiros tiveram que arcar hoje”, sugere.

Os 540 mil usuários diários do transporte ferroviário da cidade só conseguiram se deslocar por outros meios, como os ônibus que rodaram pelo Rio completamente lotados, já que a circulação de trens foi prejudicada em todos os ramais. Além disso, muitos esperaram para receber seu dinheiro de volta. No entanto, de acordo com Pedro, a quantia só foi entregue aproximadamente às 8 da manhã, 3 horas após o acidente.

*Do programa de estágio do Jornal do Brasil